Os avanços tecnológicos na pecuária têm sido rápidos e surpreendentes até mesmo para os profissionais que trabalham e têm experiência na atividade. Entretanto, é intrigante quando encontro pecuaristas que já adotam muitas das “inovações tecnológicas”, mas ainda não adotam técnicas e tecnologias pesquisadas e validadas há décadas. Quais são elas?
Em sequência: inventariar os recursos da atividade (clima, solo, pastagens, benfeitorias e edificações, rebanho, recursos humanos, manejo adotado, logística, mercado local, recursos financeiros etc.), diagnosticar onde está o projeto e onde ele pode chegar.
Após a conclusão do diagnóstico, elaborar um plano de metas com base nos objetivos e metas do produtor, e com base nisso, fazer o planejamento em seus três níveis – no longo, médio e curto prazo. Esse plano de metas deve ser apresentado para os integrantes que trabalham na fazenda e discutido com eles.
Na sequência deve ser elaborado o orçamento também no longo, médio e curto prazo. A partir daí devem ser criados formulários para a coleta de dados no campo, decidir se os controles serão feitos em planilha ou em software e elaborar um programa de treinamento dos integrantes da equipe sobre como executar as tarefas e como coletar e controlar os dados.
Oriento que os treinamentos sejam ministrados pelo SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), pelos consultores que atendem o projeto e por técnicos de empresas que vendem insumos ao produtor. Os treinamentos devem ser frequentes, como também as reuniões para avaliação dos resultados e tomadas de decisões sobre o que e como precisa ser mudado.
Para que as tarefas sejam executadas em tempo, recomenda-se a elaboração de um cronograma que deve terminar em um calendário de ações. Esse calendário deve ser feito com os integrantes da equipe e, após a aprovação dele, imprimi-lo e afixá-lo em local visível. Nas reuniões, por exemplo, semanais e mensais, o calendário deve ser revisto.
Infelizmente, a maioria dos produtores que já atendi não adotavam essa sequência de procedimentos e muitos que já atendo há anos também não adotam. Mas aqui vou admitir que o pecuarista já chegou neste ponto, o de ter um calendário de ações. Aqui é fundamental definir o que, quando e como será executado, e quem executará cada tarefa, cada ação.
Para cada ação, quem irá executá-la deverá estar treinado para adotar procedimentos padrões de execução. Esses padrões devem estar baseados em resultados de pesquisas e de preferência que já tenham sido validados com sucesso em fazendas comerciais.
É preciso ficar claro que se tratando de uma atividade agropecuária, cada ação terá um mês mais adequado para ser executada em uma situação específica de um ambiente específico, porque essa atividade é “uma indústria a céu aberto”, sujeita ao comportamento do clima.
Naquele calendário deve constar os meses das estações reprodutiva, de nascimento e de desmama; os meses dos controles de ecto e endoparasitas; as vacinações; as pesagens do rebanho; a compra e a venda de animais; de castração, se for adotada; as mudanças nos tipos e nas quantidades de suplementos.
Trazendo para a produção animal em pasto, as ações são as seguintes: inventário da pastagem; medição e mapeamento das áreas; coleta de solos para análise; aplicação de corretivos e adubos para estabelecer ou para renovar ou para recuperar ou para intensificar a pastagem; os manejos e controles de plantas infestantes e de pragas; o manejo de irrigação; os controles da altura do pasto e da produção de forragem; a colheita e o armazenamento do excedente de forragem e a suplementação do rebanho com essa forragem; os ajustes da taxa de lotação à capacidade de suporte da pastagem; os ciclos de pastejos; a compra e a aplicação dos insumos (corretivos, adubos, inseticidas, herbicidas etc.). Se no projeto tem integração lavoura-pecuária, é preciso constar no calendário o mês de semeadura das pastagens de inverno, quando iniciar o pastejo nessa pastagem, como também o mês de devolver as áreas para a agricultura.
Aqui é preciso FAZER CERTO NA HORA CERTA, porque o comportamento da natureza não nos espera, não nos pede licença para manifestar, é implacável, e toda ação tem um custo, e por isso não é prudente arriscar.