O movimento de alta no preço do leite pago ao produtor ao longo do ano, favoreceu a margem da atividade. No ano, a cotação do leite subiu 12,2%. Em contrapartida, segundo o Índice de Custos de Produção da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria, os custos aumentaram 10,2% frente ao início do ano.
Nos dois últimos pagamentos ao produtor (setembro e outubro), os custos caíram 1,2% e o preço do leite subiu 1,0%. A margem da atividade leiteira (base 100 em janeiro/16) ficou em 30,8% em outubro, e foi a melhor deste ano.
Na figura 1 apresentamos as variações dos preços do leite (média nacional), o Índice de Custo de Produção da Pecuária Leiteira e a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2021.
Observe que apenas em julho, setembro e outubro as variações no preço do leite ao produtor ficaram acima das variações do custo de produção.
A variação na cotação do leite superou a da inflação apenas no pagamento de setembro (referente à produção de agosto), em função da produção enxuta e da demanda melhorando, mesmo que de forma compassada. Com o avançar da vacinação contra o covid-19 e o retorno das atividades de food service, o consumo de lácteos aumentou, mas ainda sem atingir os níveis pré pandêmicos.
Figura 1. Variação do preço do leite (média nacional), Índice de Custo de Produção da Pecuária Leiteira e IGP-DI, em 2021. Base 100 = janeiro de 2021.
Fonte: FGV / Scot Consultoria
Sobre os custos de produção, os alimentos concentrados, com destaque para o farelo de soja e para o milho, têm forte participação.
Os preços do milho caíram 8,9% de julho a outubro, em função da maior disponibilidade e da suspensão da cobrança de PIS e Cofins na importação do cereal, enquanto o farelo de soja subiu 0,1%, com a demanda firme e exportação com bom desempenho.
Outros componentes importantes são os fertilizantes e os combustíveis, que em 2021 apresentaram cotações firmes devido à crise de desabastecimento internacional desses produtos e a valorização do dólar, o que limitou quedas mais expressivas nos custos.
Veja na figura 2 as variações nos preços dos insumos, câmbio e Índice Scot Consultoria de Custo de Produção do Leite, considerando janeiro de 2021 como base 100.
Figura 2. Variação da cotação do milho (Campinas-SP), farelo de soja (São Paulo), dólar e do Índice de Custo de Produção da Pecuária Leiteira. Base 100 = janeiro de 2021.
Fonte: Banco Central do Brasil / Scot Consultoria
No médio prazo (dezembro), o viés é de baixa para os preços do milho no mercado interno, no entanto, atenção ao câmbio, pois caso persistindo o cenário firme para a moeda norte-americana frente ao real, a tendência é que os recuos sejam limitados.
Já para o farelo de soja, a expectativa é de preços andando de lado, sendo que quedas pontuais não estão descartadas se o mercado internacional seguir mais fraco.
A expectativa é de queda gradual na demanda interna por fertilizantes, mas a oferta reduzida no mercado e a demanda firme por outros países produtores tende a manter os preços firmes, mantendo os custos de produção ainda firmes.
Em relação aos preços do leite ao produtor, a expectativa é de estabilidade à queda no pagamento de novembro, que remunera a produção de outubro. As chuvas ocorrendo com mais frequência nas principais bacias leiteiras e melhoria das pastagens, colabora com o cenário de aumento na captação. Já no pagamento de dezembro, o viés é de baixa nas principais bacias leiteiras, em função do aumento expressivo da oferta de matéria-prima.
O quadro favorável para os preços dos principais alimentos concentrados para os próximos meses, demanda uma boa estratégia para garantir a compra desses insumos, de forma a otimizar a margem da atividade.