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La Niña: entenda o fenômeno e seus impactos na agricultura brasileira

por Jéssica Olivier
Terça-feira, 14 de dezembro de 2021 -12h00

São diversos os fatores que influenciam no clima ao redor do mundo, principalmente a interação entre a superfície do oceano e a atmosfera, tais como temperatura do mar, pressão atmosférica e incidência de raios solares.


A resultante de uma dessas interações são as movimentações na Circulação Zonal, os eventos El Niño e La Niña. Os eventos ocorrem através da mudança de temperatura das águas do oceano Pacífico, na região Nino 3.4, que compreende a faixa entre 120°W e 170°W no globo (área circulada em vermelho na figura 1).


O aquecimento das águas oceânicas, característica do El Niño, propicia a ocorrência de chuvas no Sul do Brasil e, ao mesmo tempo, a diminuição da precipitação no Norte e Nordeste, além do aumento da temperatura média no país.


Contrário ao El Niño, temos o fenômeno denominado La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do oceano Pacífico. No Brasil, ocorre a diminuição das chuvas no Sul e aumento no Norte e Nordeste. Além disso, a precipitação apresenta alta variação na frequência e no volume, ou seja, ora chove torrencialmente, ora está seco.


FIGURA 1. Anomalia da temperatura da superfície do mar. Referência: nov/21.


Fonte: INPE / CPTEC


O fenômeno La Niña ocorre de forma recorrente, em média, a cada dois anos, podendo durar até sete.


Com a evolução da tecnologia, atualmente é possível realizar um acompanhamento mais acurado da temperatura dos oceanos.


Com isso, é possível prever quais e quando serão os impactos dessas movimentações.


Segundo dados do Instituto de Pesquisa Internacional da Universidade de Clima da Columbia (IRI), os próximos meses terão influência direta do resfriamento das águas, com o trimestre (novembro/21, dezembro/21 e janeiro/22) apresentando mais de 70% de chances de continuidade de características de La Niña.


FIGURA 2. Probabilidade de continuidade de La Niña na região Niño 3.4.



Fonte: IRI


Os menores volumes de chuvas no Sul favoreceram o término da colheita de trigo nos estados. Apesar disso, está ocorrendo a semeadura do arroz e muitas lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, além da semeadura de grãos para a safra de verão que merece atenção, já que o clima tende a continuar mais seco ao longo de dezembro.


No restante do país, as chuvas não devem impactar negativamente no desenvolvimento da safra de verão, uma vez que é previsto que ela fique dentro ou acima da normalidade para o período.