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O segredo na escolha do reprodutor ideal está no equilíbrio entre raça, morfologia e avaliações genéticas

Informe Publicitário

Sexta-feira, 22 de julho de 2022 -08h00

A escolha dos reprodutores que irão trabalhar na propriedade, nem sempre é uma decisão fácil de tomar. Devemos primeiramente analisar quais critérios devemos ter na hora de fazer essa escolha, e vários pontos deverão ser avaliados.


O ponto inicial é olhar para o padrão racial. Falando em reprodutor da raça nelore pode parecer óbvio, mas muitas vezes isso não acontece. É imprescindível que o pecuarista, ou o tomador de decisões dentro da propriedade, conheça o padrão racial com uma descrição detalhada de cada parte do animal.  Não apenas como ele deve ser de cabeça, orelhas, saída de chifres, como também observar pigmentação, aprumos, barbela, cupim, enfim, todas as partes do corpo do animal são descritas no padrão racial.


Seguimos observando e analisando a morfologia do reprodutor: significa que faremos uma análise da estrutura, precocidade e musculosidade com objetivo de definir como está distribuído o peso do animal na carcaça. Na prática podemos ter dois animais de mesmo peso completamente diferentes: um bastante tardio e outro precoce, e isso faz uma grande diferença nos sistemas de produção.


Através das observações de campo, das avaliações dos animais mais eficientes, mais produtivos, quais as matrizes que parem mais cedo, que parem sempre, que desmamam bezerros acima da média, e então chegamos ao tipo morfológico mais adequado para o sistema produtivo. Essa análise é importantíssima e isso auxilia na escolha do reprodutor, ou seja, não olhar só para o peso, mas sim, para composição deste peso.


Por final analisamos a avaliação genética, que nos indicará o potencial genético do indivíduo para características de ganho em peso, ou seja, desempenho, habilidade materna e fertilidade, além de características de qualidade de carcaça. Este potencial significa a carga genética que este animal herdou dos pais e que poderá ou não transmitir às suas progênies.


Nesse contexto, o Brasil tem demonstrado ser referência, em alguns criatórios, na produção dos reprodutores certificados e efetivamente melhoradores. Entre eles, a Nelore Grendene, que ao longo dos seus 40 anos de seleção na centenária Fazenda Ressaca, em Cáceres-MT, desde o início do projeto no qual o slogan é “produtividade com raça”, é focada não somente na produção de genética, mas na cadeia produtiva. Ou seja, se preocupou em responder questões básicas, dentre elas, se estamos fazendo genética para um mercado que vai utilizar esse touro para fazer o quê? Para fazer bezerros de corte de qualidade, que são os bois que irão para o “gancho” no frigorífico e pra fazer fêmea de reposição de qualidade.


Desde o início, o projeto é pensado nesse equilíbrio entre as características. O animal tem que ter boa avaliação genética, mas não uma busca obsessiva por números isolados, e sim, pelo equilíbrio em todas as características.


Então, primeiramente, ao olhar para um reprodutor, ele tem que ter cara de touro, tem que ter chanfro curto, tem que ter a boca grande, testa enrugada cara de macho, cupim bem-feito, bem desenvolvido, uma estrutura forte e aí uma carcaça que realmente venha ao encontro com a expectativa do mercado, que espera por animais precoces, com alto rendimento de carcaça. E para isso, o tamanho é mediano, as costelas são profundas e muita musculosidade.


 Aliado aos aspectos funcionais, o animal tem que ter bons aprumos, tem que ter o umbigo corrigido, para que ele possa trabalhar, desempenhar a campo, andar atrás das vacas e realmente proporcionar altos índices de prenhezes, fazendo retornar o investimento o mais rápido possível. E junto com isso, avaliação genética e equilíbrio.


Com dez edições do leilão de mil touros, a Grendene mantém esse mesmo critério, crescer em quantidade, no número de touros ofertados, mas tão importante quanto isso é manter o padrão racial, manter o padrão de qualidade Nelore Grendene e aumentar ainda mais a qualidade a cada geração, para ofertar ao mercado o reprodutor certo para cada tipo de pecuária, em qualquer que seja o canto do Brasil.


Fábio Ferreira – zootecnista, técnico da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) e Supervisor do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ).