Na primeira parte sobre preparo de solo para o plantio de pastagens foram descritas as condições que podem ser encontradas na área onde a pastagem será estabelecida e os métodos de limpeza do terreno para cada uma das condições possíveis de ser encontrada.
Agora, nesta segunda e última parte serão descritos as etapas de preparo de solo.
Para o início da operação de preparo do solo é preciso ir a campo para avaliar o grau de sua umidade. O ideal é que este esteja friável (macio).
Quando seco, ao ser preparado com arados e grades, os agregados do solo serão destruídos e a argila, que é a menor partícula e, portanto, mais densa, será arrastada pelas águas das chuvas e se acumulará em algum horizonte no perfil do solo provocando um adensamento na camada onde se acumula, resultando em compactação.
Quando muito úmido, onde as aivecas ou os discos dos arados e das grades passarem, se formará um “espelhamento” que levará a um adensamento e à compactação do solo.
Recomendo que o preparo de solo tenha início no final do período chuvoso na região onde está a fazenda, quando o solo ainda estará com umidade adequada, ou seja, friável. Nesta condição, além de não provocar a compactação do solo, o rendimento operacional das máquinas e implementos será maior, com menor custo de combustíveis e menor desgaste dos implementos e das máquinas.
Ainda, iniciar o preparo do solo no final do período chuvoso é importante para incorporar corretivos (calcário, agrosilicatos etc.) e dar tempo para que reajam no solo até o início das próximas chuvas quando o plantio da pastagem será realizado.
O solo, estando ainda úmido, favorece a incorporação dos corretivos na profundidade necessária. Quando seco e em solos mais pesados (argilosos) quase nunca os corretivos são bem incorporados, o que provoca o acúmulo destes em menor profundidade levando à uma supercalagem e suas graves consequências.
O início do preparo do solo no final do período chuvoso ainda tem a vantagem de ser mais eficaz como método mecânico de controle de plantas infestantes e pragas (cigarrinhas, cupins, formigas, percevejo castanho-das-raízes etc.) porque o solo ficará exposto à radiação solar durante a seca.
Em solos de texturas mais leves, tais como os arenosos (menos de 15% de argila) e os médios (16 a 35% de argila), a sequência de preparo de solo é a seguinte: grade pesada, grade intermediária e grade leve niveladora. Em solos com texturas mais pesadas, tais como os argilosos (36 a 60% de argila) e os muito argilosos (mais de 60% de argila), a sequência necessária pode ser: aração, grade pesada, grade intermediária e grade leve niveladora.
Quando o terreno está tomado por plantas infestantes de difícil controle, principalmente aquelas que deixam um banco de sementes no solo em grandes quantidades, tais como carrapicho ou timbete (Cenchrus echinatus), amargoso (Digitaria insularis), capivara ou navalha (Paspalum sp) e capeta (Sporobolus indicus), é recomendado o preparo com aração invertida com a seguinte sequência: grade pesada, grade intermediaria, aração, grade intermediaria e grade leve.
A sequência de preparo de solo na seca com as gradagens tem a finalidade de expor a parte subterrânea da planta ao sol (raízes, rizomas, tubérculos etc.), como também picar estes tecidos acelerando a sua secagem e morte. Já a aração invertida, próxima do momento do plantio, tem a finalidade de enterrar o banco de sementes o mais profundo possível no solo impedindo ou pelo menos atrasando a sua germinação. Aqui o arado de aivecas é mais eficaz que o de discos.
As sequencias de preparo de solo citadas devem ser executadas já a partir do último mês de chuvas na região, desde que as condições de umidade do solo permitam o trabalho das maquinas e dos implementos e devem ser feitas de forma alternada, por exemplo, para regiões com período chuvoso entre setembro a abril, assim: em maio aração ou grade pesada; em junho deixar o solo exposto; julho, grade pesada ou intermediária; agosto deixar o solo exposto; setembro aração invertida ou grade intermediária ou leve; outubro grade leve niveladora deixando o terreno já preparado para a semeadura ou o plantio de mudas a partir de outubro/novembro.
A última operação de preparo do solo com a grade leve niveladora tem a finalidade de preparar uma “cama” para as sementes, para que a semeadura seja uniforme e a germinação seja rápida e uniforme. Quanto menor ficar a partícula do solo, por mais tempo a água das chuvas ficará retida o que pode ser determinante para o estabelecimento da pastagem se ocorrerem veranicos (estiagens). Se o solo ficar muito pulverizado é recomendado compactar o terreno com rolos compactadores antes da semeadura para evitar o arraste de solo com sementes, corretivos e adubos pelas águas das chuvas e o enterro de sementes em maiores profundidades que impeçam a sua germinação ou a atrase.
Nas situações em que o solo será preparado e, portanto, ficará exposto, é fundamental a adoção de práticas conservacionistas, assim: solos planos (menos de 3% de declividade) basta fazer a sequência de operações em nível; solos levemente ondulados (de 3 a 8% de declividade), além das operações em nível, pode-se implantar cordões de contorno; para solos ondulados (de 8 a 12% de declividade), além das operações em nível, é preciso levantar terraços em nível ou em gradiente, dependendo da textura do solo e da intensidade das chuvas na região (no campo os terraços são conhecidos por curva de nível). Para terrenos fortemente ondulados (mais de 12% de declividade) é preciso saber se tem licença ambiental para ser cultivado, porque nesta declividade muitas áreas são para preservação permanente (APP). Nesta declividade não se recomenda o preparo de solo.
E o plantio de pastagem em sistema de plantio direto na palha? Já é uma tecnologia validada, mas será tema para uma outra oportunidade.
E o plantio de pastagem por meio de mudas? Tem suas particularidades? Sim, mas também será um tema para uma outra oportunidade.