Matéria-prima para a fabricação do papel, biocombustíveis e inúmeras outras finalidades, a celulose é um dos principais produtos exportados pelo Brasil e está ganhando destaque nos últimos anos pelo rápido crescimento do mercado.
A madeira para produção é majoritariamente de reflorestamento, sendo o eucalipto a principal fonte. O pinus também é utilizado, mas em menor proporção.
O eucalipto, originário da Austrália, encontrou no Brasil clima favorável para seu desenvolvimento. Ao longo do tempo foram e estão sendo selecionados clones que se adaptam às regiões produtoras e para a finalidade desejada.
O tempo de colheita para a produção de celulose é de sete anos.
Em 2020, em termos de essências florestais, o eucalipto foi responsável por 77,3% da área cultivada, o pinus por 19% e outras espécies florestais por 3,7%.
Entre 2013 e 2020, a área cultivada com eucalipto no Brasil aumentou de 6,3 para 7,4 milhões de hectares, ou seja, incremento de 17,7%. Somando a área de todos os componentes florestais, o crescimento foi de 15,9%.
Veja, na figura 1, a evolução da área plantada dos principais componentes florestais no Brasil.
Figura 1.
Evolução na área plantada com eucalipto, pinus e outras espécies em milhões de hectares.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria
Em 2020, em área, Minas Gerais representou 27% do eucalipto cultivado, seguido pelo Mato Grosso do Sul com 15% e São Paulo com 13%.
Com relação à produtividade, para o eucalipto houve aumento de 2,8%, entre 2014 e 2020, e queda para o pinus de 1,9%. A queda na produtividade em 2020 pode estar ligada ao clima (figura 2).
Figura 2.
Evolução na produtividade de eucalipto e pinus no Brasil, em m³/ha/ano.
Fonte: Ibá / Elaborado por Scot Consultoria
O volume de celulose exportado pelo Brasil em 2021 foi de 16,3 milhões de toneladas, aumento de 84,9% quando comparado com 2010. Em 2022, até agosto, o Brasil exportou 12,5 milhões de toneladas.
Com relação ao faturamento, em 2021, as vendas com celulose somaram 6,73 bilhões de dólares (figura 3).
Figura 3.
Evolução do faturamento nas exportações de celulose do Brasil, em bilhões de dólares.
*Até agosto/22
Fonte: MDIC / Elaborado por Scot Consultoria
Até agosto de 2022, o principal destino da celulose brasileira foi a China, representando 38% do faturamento, seguido dos Estados Unidos, com 14%, e da Itália (10%).
No Brasil, os principais estados exportadores são Mato Grosso do Sul (19%), São Paulo (15,5%), Rio Grande do Sul (15%) e Bahia (14,5%).
Apesar do aumento de área e produtividade do eucalipto, as indústrias de celulose precisam de mais áreas para produção, elevando os preços de terras nas regiões produtoras.
Além disso, o cenário positivo para as commodities agrícolas também está influenciando as cotações nos últimos anos.
Entretanto, as florestas cultivadas têm se expandido sobre pastagens, que estão perdendo espaço tanto para florestas quanto para produção de grãos.
Na figura 4 está a evolução dos preços de terras considerando as principais regiões produtoras de eucalipto para celulose por estado.
Figura 4.
Evolução dos preços de terras nas principais regiões produtoras de eucalipto, considerando 2013 como base=100.
Fonte: Scot Consultoria
Na Bahia, a oferta de madeira está equilibrada com a procura, porém os efeitos climáticos estão afetando a produção, levando empresas a buscarem a matéria-prima em distâncias maiores.
Em São Paulo, com a recente inauguração de novas plantas e expansão de outras existentes, a demanda por madeira está maior que a oferta. Assim, a ampliação florestal será certamente necessária para suprir a necessidade.
Em Mato Grosso do Sul, grande parte das florestas já estão comercializadas. A expansão e os projetos de novas indústrias estão colocando mais pressão para o aumento de área para produção de eucalipto.
Em 2020, o Brasil foi o maior exportador de celulose do mundo e o segundo produtor, atrás apenas dos Estados Unidos.
Apesar da menor demanda por papel com o advento da tecnologia, outros setores, como o de logística, estão consumindo mais.
O Brasil tem potencial para aumentar a participação no cenário internacional, transformando pastagens degradadas em florestas.
Referências
Correa, Cindy (org.). Relatório Anual Ibá. Itaim Bibi: Indústria Brasileira de Árvores 2021.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: https://snif.florestal.gov.br/pt-br/florestas-plantadas. Acesso em: 19 set. 2022.
MDIC. Comex Stat. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral. Acesso em: 19 set. 2022.
Scot Consultoria