É notório que a produção de leite em 2022 cairia, tal e qual aconteceu em 2021. A projeção do tamanho dessa queda foi antecipada na Carta Leite nº 245.
Em 10 de fevereiro, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados preliminares da captação de leite cru pelas indústrias.
Registramos dois anos consecutivos de queda na captação. Em relação a 2021, a captação foi 1,37 bilhão de litros menor e, quando comparada a 2020, 1,89 bilhão de litros menor (tabela 1).
Tabela 1.
Volume de leite captado, em mil litros, ano a ano.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria
Temos dois dados oficiais: produção e captação. Eles diferem devido à informalidade existente.
Apesar da informalidade, produção e captação têm o mesmo comportamento ao longo de uma série histórica.
Enquanto o volume produzido aumentou 80,8% de 1997 a 2022, a captação aumentou 122,3% (figura 1).
Figura 1.
Produção e captação anual de leite, de 1997 a 2022, em bilhões de litros.
*projeção da produção
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria
Mas o que é a informalidade?
A informalidade consiste no leite cru que não é captado pelo laticínio, que não é inspecionado em nível federal, estadual ou municipal.
Esse leite não passa por controle sanitário, ou tributário.
O comércio é feito “de porta em porta”, em varejos de pequeno porte em pequenas cidades.
Mas o mercado informal está retrocedendo. De 1997 até 2022, estima-se que a taxa de informalidade tenha caído 30,7%.
Tal taxa é calculada estimando-se a participação do volume de leite informal na produção total brasileira.
Entretanto, o volume de leite informal aumentou, seguindo a toada da produção formal, que também cresceu.
O volume informal está estimado em 10,18 bilhões de litros (2021), com projeção de 10,0 bilhões de litros para 2022.
A taxa de informalidade está estimada em 28,8%, com expectativa de leve aumento em 2022, subindo para 29,6%.
Figura 2.
Taxa de informalidade (%) e volume de leite informal, em bilhões de litros, ano a ano.
*projeção
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria
O mercado informal diminui arrecadação de impostos, diminuindo o retorno desses impostos arrecadados em infraestrutura, saúde e educação do país.
Fora do âmbito político-econômico, a preocupação reside na qualidade microbiológica dos produtos comercializados.
O leite deve passar por processo sanitário ideal, de dentro até o fora da porteira.
Dentro da fazenda, a rastreabilidade dos protocolos sanitários é de difícil acompanhamento, quando na informalidade. Entretanto, nem todo produtor de leite informal deixa de fazer tais procedimentos, porém a preocupação é quanto ao controle de qualidade do produto, como manda a Instrução Normativa (IN) 77.
Além do mais, na formalidade, protocolos de pasteurização são obedecidos, assim como testes como crioscopia, identificação de resíduos de antibióticos e análises de CCS e CBT, como consta na IN 76.
Referências bibliográficas
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística