Em 23 e 24 de fevereiro, ocorreu o Agricultural Outlook Forum do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês).
Esse evento anual é bastante aguardado por trazer as primeiras estimativas acerca da intenção de cultivo da safra norte-americana de grãos, nesse caso a temporada 2023/2024, a ser semeada em abril/maio.
Com relação ao milho e à soja, é esperado um aumento na área nos Estados Unidos, que juntas deverão somar 72,24 milhões de hectares. Para o trigo, a expectativa é de que 20,03 milhões de hectares sejam semeados, totalizando, entre as três culturas, 92,27 milhões de hectares, a maior área destinada a essas culturas em 7 anos.
Apesar da expectativa de preços menores em 2023, frente a 2022, os patamares historicamente elevados, frente à média dos últimos dez anos, sustentam o cenário de intenção de semeadura na temporada que está começando nos Estados Unidos.
Segundo o USDA, os norte-americanos deverão semear 36,8 milhões de hectares com milho, frente aos 32,86 milhões de hectares na safra passada (2022/23).
A produção deverá ser de 383,2 milhões de toneladas, frente às 348,7 milhões de toneladas colhidas em 2022/23. Além do aumento em área, após a forte quebra de produção na última safra, a produtividade média deverá ser maior.
Para a soja, a expectativa é que sejam semeados 35,41 milhões de hectares no ciclo atual, mesma área que a estimada na última safra (2022/23).
A produção norte-americana foi estimada em 122,7 milhões de toneladas em 2023/24, frente às 116,4 milhões de toneladas colhidas no ciclo passado. Com a manutenção de área para a cultura, a estimativa de produção maior passa pela expectativa de rendimentos médios maiores que na última safra.
Por fim, para o trigo, a produção local deverá ser de 51,4 milhões de toneladas em 2023/24, acima das 44,9 milhões produzidas em 2022/23, movimento puxado também pela expectativa de área e produtividades maiores no próximo ciclo.
Os custos de produção deverão ser menores, frente à última safra, com destaque aos fertilizantes, fato que também deverá estimular a semeadura.
Atenção ao clima, que, após três anos seguidos marcado pelo fenômeno La Niña, deverá ser marcado pela transição entre neutralidade e o fenômeno El Niño, o que poderá pressionar menos a produção estadunidense.
Com relação ao clima nos Estados Unidos, 63% do país encontrava-se com algum tipo de déficit hídrico até 14/2/23 (figura 1), em 2022, eram 65%, ou seja, situação semelhante e, até o momento, não há perspectiva de alteração no quadro (USDA).
Figura 1.
Condição hídrica das lavouras nos Estados Unidos.
Fonte: USDA
Assim, além do Brasil, que está colhendo a safra de verão (primeira safra) e semeando a safra de inverno (segunda safra), o clima nos Estados Unidos passa a ter importância na precificação no mercado internacional daqui para frente, com a semeadura por lá tendo início em abril/maio.
Historicamente, a situação das lavouras norte-americanas, seja positiva ou negativa, reflete diretamente sobre os preços no mercado brasileiro.
Referências bibliográficas
Scot Consultoria
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, USDA (sigla em inglês)