Para desenvolver o conteúdo deste artigo, tenho que dividir o Brasil em dois ambientes quanto ao tipo climático – subtropical, compreendendo a parte Sul de Mato Grosso do Sul, de São Paulo e toda a região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul); e o tropical, no restante das regiões e estados do país.
Ainda tenho que caracterizar dois sistemas de produção – um de pastagens tropicais estabelecidas com espécies forrageiras tropicais e subtropicais de ciclo de vida perene; e um de Integração Lavoura-Pecuária (ILP).
E, por fim, caracterizar as espécies forrageiras de clima temperado também conhecidas por forrageiras de inverno; e espécies forrageiras de clima tropical e subtropical.
Agora sim, vamos lá.
Nesta modalidade, as pastagens estabelecidas com forrageiras de clima tropical e subtropical de ciclo perene são exploradas solteiras entre outubro e março (estações de primavera e verão) e em consórcio com forrageiras de inverno entre abril e setembro (estações de outono e inverno).
Na região Sul, esta modalidade de exploração de pastagens já vem sendo adotada pelos pecuaristas há pelo menos seis décadas. Lá tem sido estabelecida as forrageiras Aveia, Azevém, Centeio, Cevada, Cornichão, Ervilhaca, Trevos, Trigo, Triticale, solteiras, mas na maioria das fazendas tem sido em misturas. Já na região tropical do Brasil, basicamente tem sido estabelecida as forrageiras Aveia e Azevém, solteiras ou em misturas.
Neste artigo, vou usar as forrageiras Aveia e Azevém para explicar como estabelecer pastagens de inverno, já que estas são plantadas tanto na região subtropical quanto na tropical do Brasil.
Na região subtropical do país, ocorrem chuvas nas estações de outono e inverno, que possibilita o estabelecimento de pastagens de inverno sem a necessidade de irrigação. Por outro lado, na região tropical do país, estas mesmas estações coincidem com o período seco, então há necessidade de irrigação para o estabelecimento de pastagens de inverno.
Neste sistema em questão, a semeadura é feita entre o início de abril a início de junho, idealmente em abril para ter mais período de uso da pastagem de inverno.
Como métodos para a semeadura, o pecuarista tem os seguintes:
No método de sobressemeadura, a sequência de procedimentos pode ser a seguinte: antes dos animais entrarem em um piquete, as sementes são semeadas a lanço sobre o pasto; os animais são colocados no piquete para pastejarem e ao mesmo tempo pisotearem as sementes no solo; os animais são retirados do piquete e mudados para um outro piquete; após a retirada dos animais, faz-se a roçada do resíduo pós-pastejo e o material roçado formará uma camada de palha protetora sobre as sementes pisoteadas.
Já no plantio direto, a sequência de procedimentos pode ser a seguinte: os animais são colocados no piquete para pastejarem; após a retirada dos animais, faz-se a roçada do resíduo pós-pastejo e o material roçado formará uma camada de palha sobre a qual será feita a semeadura com plantadora de plantio direto.
Atenção às recomendações das taxas de semeadura, as quais vão depender da(s) espécie(s) que será estabelecida e do método de semeadura, se a lanço ou se em linha. Os técnicos de empresas que vendem sementes certificadas e/ou o consultor do pecuarista poderão orientá-lo quanto às taxas de semeadura.
A partir daí, é esperar boas chuvas, na região subtropical, e fazer as irrigações, na região tropical do país.
No texto da próxima edição, escreverei a segunda parte deste conteúdo, orientando o manejo do pastoreio e citando referências de produtividade de pastagens de inverno.