Os preços da carne vermelha foram recordes nos Estados Unidos devido ao forte consumo e à redução do rebanho bovino causado pela seca. Isso levou consumidores a optar por carne moída, mais acessível, em vez de cortes de carne. Embora a inflação tenha sido moderada, o aumento nos preços dos cortes de melhor qualidade no varejo, que atingiu 9,7% em um ano e 27% em três anos, provocou essa mudança.
Os Estados Unidos estão enfrentando uma séria escassez de gado. A quantidade do rebanho bovino foi o menor desde a década de 1960, com uma queda de quase 10% em cinco anos, principalmente devido à prolongada seca em regiões de reprodução, como as grandes planícies americanas. A falta de chuvas prejudicou as pastagens e elevou os preços dos alimentos para os bovinos.
Como resultado, os pecuaristas reduziram significativamente a retenção de bovinos, levando os frigoríficos a abaterem a maior quantidade de bovinos desde a década de 1980. Além disso, em agosto, a mortalidade aumentou devido a uma onda de calor e umidade acima da média.
No entanto, os pecuaristas estão compensando parcialmente essas perdas melhorando a qualidade do gado e aumentando a produção de carne por animal.
Simultaneamente, o consumo de carne vermelha aumentou. Em 2022, os americanos aumentaram o consumo médio de carne bovina para 26,8 kg por ano/habitante, um acréscimo de 0,3 kg em relação a 2021. Desde 2015, o crescimento foi de quase 10% (USDA).
Em função disso, devido à oferta limitada e à demanda crescente, o preço do gado subiu 133% desde março de 2020. Para lidar com os preços recordes, muitos pecuaristas estão vendendo seus animais mais cedo, o que impede o crescimento do rebanho.
O cenário atual não deve mudar tão cedo, e um declínio no setor foi previsto pelo USDA para acontecer em 2024, mantendo os preços elevados. Isso pode levar os consumidores a diminuírem o consumo.
O mercado pode se ajustar eventualmente devido ao esgotamento da demanda, mas por enquanto, essa mudança de tendência não está visível.
Os cortes primários são: loin (região do lombo), brisket (peito), chuck (pescoço, acém e paleta), shank (perna/músculo), round (região traseira), short plate (região próxima à ponta de agulha e fralda), flank (fralda) e rib (costelas).
Tabela 1.
Elaborado por Scot Consultoria
O rebanho de matrizes diminuiu em 2023, sendo o menor desde 1962. Estima-se que a redução tenha sido de 1 milhão de cabeças na comparação ano a ano.
O rebanho total foi estimado em 89,27 milhões de cabeças em janeiro/2023, uma queda de 3% em relação ao montante apurado em janeiro de 2022 (92,1 milhões de cabeças).
Com a escassez nos EUA, o Brasil ganha espaço no comércio global de carne bovina, tendo em vista que os norte-americanos são um dos principais concorrentes do Brasil.
Exemplo disso é a habilitação de 55 plantas frigoríficas brasileiras para exportação da carne bovina e suína para a República Dominicana, os quais importam um volume de 85% de carne dos EUA.
A diminuição da produção de carne fez com que houvesse uma elevação dos preços e por consequência uma maior procura por cortes menos caros.
Até que a situação se normalize o desempenho da exportação brasileira deve ser beneficiado.