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Carta Conjuntura - Importação de carne bovina pelos Estados Unidos

por Julia Monsalve
Sexta-feira, 1 de março de 2024 -06h00

O consumo de carne bovina cresceu


Os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de carne bovina, com um volume estimado em 12,3 milhões de toneladas em equivalente de carcaça (TEC) em 2023.


No entanto, o consumo doméstico é de 12,6 milhões de toneladas, o que representa um déficit de 321 mil toneladas.


Esse déficit é suprido pela importação. O consumo de carne bovina nos EUA está crescendo e aumentou 1,6% em relação a 2019 (USDA).


Principais fornecedores


De acordo com o relatório mais recente do USDA, os Estados Unidos têm dependido fortemente das importações para atender à demanda por carne bovina nos últimos cinco anos. 


Os principais países fornecedores são o Canadá, México, Austrália, Nova Zelândia e Brasil. Em 2023, o Canadá foi o principal fornecedor, com 417,9 mil TEC. 


O México ficou em segundo lugar, com 275,6 mil TEC. A Austrália, a Nova Zelândia e o Brasil exportaram, respectivamente, 266,9 mil, 221,8 mil e 185,6 mil, todas em TEC.


Figura 1. Importação de carne bovina dos Estados Unidos, em mil toneladas equivalente carcaça (TEC).


Carta Conjuntura - Figura 1


Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria


A exportação de carne bovina in natura e o comportamento do preço para o EUA


Apesar de ser o maior exportador global de carne bovina, o Brasil ocupa a quinta posição como fornecedor para os Estados Unidos.


Segundo a Secex, o preço pago pela tonelada exportada de carne bovina in natura para os Estados Unidos foi de US$5.027,69 em 2022 a US$ 4.743,19, em 2023.


Figura 2. Exportação de carne bovina in natura para os Estados Unidos, em volume (toneladas, eixo da esquerda), e preço pago por tonelada (eixo da direita).


Carta Conjuntura - Figura 2


Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria


Nos últimos três anos, o Brasil tem desempenhado um papel significativo como fornecedor de carne bovina para os Estados Unidos.


Além disso, o Brasil opera um sistema produtivo eficiente, possibilitando oferecer carne bovina com alta qualidade e com preços competitivos.


O aumento da importação de carne bovina brasileira pelos Estados Unidos nos últimos anos acompanha o crescimento do consumo doméstico no país norte-americano.


No entanto, é importante considerar a possibilidade de os Estados Unidos reduzirem as importações do Brasil em 2024 devido a uma diminuição no consumo interno.


As projeções indicam que o consumo de carne bovina nos Estados Unidos em 2024 será de 11,9 milhões TEC, menor que em anos anteriores.


Figura 3. Consumo, em milhões de tec (eixo da esquerda) e variação do consumo ano a ano, em porcentagem (eixo da direita) de carne bovina nos Estados Unidos.


Carta Conjuntura - Figura 3


Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria


Esse declínio pode estar associado ao aumento dos preços da carne no varejo americano, que pode afetar negativamente o poder de compra dos consumidores e, consequentemente, resultar em uma menor demanda por carne bovina.


Diante desse cenário, os Estados Unidos poderiam ajustar as importações à redução na demanda interna, afetando diretamente as compras de carne do Brasil.


Este contexto destaca a importância de monitorar não apenas os fatores relacionados à produção e qualidade, mas também as tendências econômicas que influenciam as escolhas de consumo nos Estados Unidos.


Adicionalmente, alguns estados e municípios brasileiros foram reconhecidos como livres de febre aftosa sem a necessidade de vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Devido a isso, em uma recente decisão, o Canadá ampliou as habilitações para importação de carne bovina brasileira. Dessa forma, fortalece-se a relação comercial entre o Brasil e os países da América do Norte. 


Nesse contexto, o Brasil está bem-posicionado para continuar ampliando a exportação para os países norte-americanos, impulsionado por uma demanda sólida e um sistema produtivo eficiente que fortalece a competitividade no cenário internacional.