Medir a produção e acompanhar os índices zootécnicos em uma fazenda é importante, independentemente da atividade, seja cria, recria, engorda ou ciclo completo.
Com informações de boa qualidade, o produtor tem uma visão clara do desempenho das operações e pode decidir melhor.
Um dos principais indicadores de desempenho é a taxa de desfrute, que pode ser real ou aparente.
Este índice, baseado na produção ao longo de um período específico, permite avaliar a capacidade do rebanho de produzir bovinos para comercialização, sem comprometer a quantidade inicial.
Em essência, a taxa de desfrute reflete o quanto uma fazenda, de fato, produziu em arrobas ou cabeças em relação ao que já possuía.
Não necessariamente. Embora uma alta taxa de desfrute possa indicar a eficiência na gestão do rebanho, ela por si não é uma medida direta da produtividade.
E, este índice também pode ser considerado um KPI (Key Performance Indicator) juntamente com outros fatores, como taxa de natalidade, taxa de crescimento, eficiência alimentar e taxa de mortalidade, que também influenciam a produtividade do rebanho.
Uma alta taxa de desfrute indica bom gerenciamento na compra, venda e produção do rebanho, porém a qualidade dos animais e outros fatores influenciam na produtividade, requerendo análise conjunta com demais métricas para avaliação completa.
A expressão taxa de desfrute “aparente ou real" não é um termo técnico universalmente reconhecido na pecuária.
Uma taxa de desfrute aparente é entendida como a medida que leva em conta apenas as transações de compra e venda de animais, sem considerar as variações no estoque do rebanho.
Já o desfrute real, é uma medida que leva em consideração as mudanças no estoque do rebanho ao longo de um determinado período.
O cálculo deste índice ocorre em duas etapas e envolve alguns fatores: Estoque final (EF); estoque inicial (EI); compras (C); vendas (V) e produção do rebanho (PR).
1o. Cálculo da produção do rebanho (PR)
PR = (EF – EI – C) + V
2o. Cálculo da taxa de desfrute (TD)
TD= (PR / EI) x 100
Vamos supor uma fazenda de corte com um estoque inicial (EI) de 500 cabeças. Durante o período de um ano, a fazenda compra (C) 200 e vende (V) 150 bois. No final do ano, o estoque final (EF) é de 550 cabeças.
Para calcular o desfrute aparente, consideramos apenas as compras (200) e vendas (150) realizadas durante o ano:
Desfrute Aparente =Vendas – Compras / Estoque Inicial
Desfrute Aparente = 150 - 200 / 500
Desfrute Aparente = -50 / 500
Desfrute Aparente = - 0,1 ou -10%
Para calcular o desfrute real, consideramos as compras, as vendas e as mudanças no estoque do rebanho ao longo do período:
Desfrute Real = [Vendas - Compras + (Estoque Final - Estoque Inicial)] / Estoque Inicial
Desfrute Real = [150 - 200 + (550 – 500)] / 500
Desfrute Real = (150 - 200 + 50) / 500
Desfrute Real = 0,0 ou 0%
Nessa situação, a taxa de desfrute aparente é de -10%, enquanto a taxa de desfrute real é de 0%. Isso mostra que, embora a taxa de desfrute aparente sugira uma redução do rebanho, a taxa de desfrute real revela, na verdade, a manutenção do rebanho durante o período analisado.
Por este motivo, o produtor deve dar atenção aos indicadores-chave para acompanhar a atividade.
Existem, na literatura, indicadores de referência para as taxas de desfrute de acordo com cada uma das formas de produção da atividade pecuária (cria, recria, engorda, ciclo completo). Sendo, para a cria, uma taxa de desfrute adequada acima de 35%. Para recria e engorda, taxa acima de 55%, enquanto para ciclo completo acima de 45%.
Brasil e a taxa de desfrute nos últimos 10 anos.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria
*Na elaboração do gráfico considerou-se que as vendas (V) representam a quantidade de bovinos abatidos e dos exportados em pé (vivos). As compras são relativas à importação de bovinos. O estoque inicial é a estimativa do ano anterior e o estoque final a estimativa do estoque vigente.
*Nos últimos 3 anos a estimativa da taxa de desfrute aparente e real cresceu tendo em vista a maior quantidade de bovinos abatidos, sendo 2023 recorde em abates.
A necessidade de medir a produção e acompanhar os índices zootécnicos, é uma boa medida para uma gestão eficiente.
Porém, um indicador sozinho não é capaz de medir a eficiência produtiva de um empreendimento. Necessitando a avaliação de outros indicadores de desempenho, para uma visão completa do desempenho do rebanho.