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Carta Insumos - Expectativas para o mercado de algodão no Brasil

por Mariana Guimarães
Quinta-feira, 30 de maio de 2024 -06h00


A produção brasileira de algodão em pluma na safra 2023/24, em maio, ficou estimada em 3,6 milhões de toneladas. Mato Grosso é o maior produtor, com uma produção estimada em 2,6 milhões de toneladas, representando 72,4% da produção nacional, seguido pela Bahia, com 18,4% da produção (Conab).


Figura 1. Produção do algodão em pluma em Mato Grosso e Bahia, em porcentagem.



Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria. 


Apesar da queda da produtividade em relação à safra anterior, a expectativa é de que a produção seja 14,8% maior. Esse aumento é resultante da expansão da área, que aumentou 16,7% frente à safra anterior, ocupando 1,94 milhão de hectares.


A redução da produtividade foi causada, principalmente, pelo excesso de chuvas ao longo de abril, impedindo as operações de campo, sobretudo para o controle de doenças e pragas.


As lavouras nesta safra (2023/24) (figura 2), encontram-se, na maior parte, em fase de maturação (62,4%), e o restante em estado de formação de maçãs (37,1%).


A colheita começou no Mato Grosso do Sul e em São Paulo, contudo, a maior parte das lavouras nestes estados, e no Brasil, ainda está em formação de maçãs.  


Figura 2.
Fenologia da lavoura de algodão (semana de 13 a 19 de maio de 2024) considerando a média nacional ponderada da área semeada em Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Bahia, Mato Grosso e Piauí.



Fonte: Conab.


Comercialização, exportação e balanço de oferta e demanda do algodão em pluma


No primeiro quadrimestre, a exportação de algodão em bruto foi de 1 milhão de toneladas (Comex). Até a quarta semana de maio, o volume médio diário exportado foi superior em 328,5% em relação à média diária embarcada no mesmo período em 2023. Os principais compradores foram China, Vietnã e Bangladesh.


Espera-se que, em 2024 sejam exportadas 2,71 milhões de toneladas, em função do preço competitivo da pluma brasileira, bem como a sua qualidade.


O preço médio pago, em maio (até a quarta semana), do produto exportado foi de US$1.956,7/t, 6,2% acima do registrado no mesmo período de 2023. Com o crescimento do volume exportado, e do preço pago pela tonelada da pluma, o faturamento está 355,0% maior.


Para o mercado interno, a referência de preço médio para maio, até 24/5, em Mato Grosso, foi de R$120,29 por arroba (15 kg), queda de 3,8% em relação à média de abril e de 2,7% em relação à média de maio de 2023. 


Com a colheita começando, as boas perspectivas de produção, e consequente maior oferta, a cotação está pressionada (figura 3). 


Figura 3.
Cotação média mensal do algodão em pluma, em reais por arroba, em Mato Grosso. 



*Até 24/5.
Fonte: IMEA / Elaboração: Scot Consultoria.


Em abril, o mercado interno esteve lento, com compradores retraídos e vendedores esquivos devido à maior pressão sobre os preços. As indústrias adquiriram apenas volumes suficientes para as demandas imediatas. 


Outro fator de impacto, foi a dificuldade dos agentes em acordar preço e/ou qualidade dos lotes a venda.


Apesar da queda dos preços, a estimativa é de que, com a projeção de crescimento mais acelerado da economia – vide perspectivas de incremento do Produto Interno Bruto (PIB) - revisadas para cima desde o início do ano pelo Banco Central – o consumo interno seja melhor que o de 2023, atingindo 710 mil toneladas.


Figura 4.
Expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2024, por semana, segundo boletim Focus.



Fonte: Banco Central / Elaborado: Scot Consultoria


Algodão e o mercado de seus coprodutos


Os coprodutos da industrialização do algodão são importantes na composição da margem da indústria. Da produção têxtil, origina-se o caroço, a torta e os farelos (28,0% e 38,0%), utilizados na nutrição animal. Aqui analisaremos os comportamentos de seus preços em Mato Grosso.


Segundo levantamento da Scot Consultoria, a cotação média da tonelada do caroço de algodão está em R$760,89, sem frete. Comparado à primeira quinzena de abril, os preços subiram 0,8%, puxados pelo bom escoamento do produto e d altas no preço do farelo de soja, balizador no mercado de alimentos concentrados proteicos, cujos preços subiram praticamente em todos os estados monitorados pela Scot Consultoria, com exceção do Mato Grosso cuja cotação esteve próxima a estabilidade (-0,4%).


A cotação do farelo de algodão, em função do tamanho dos estoques iniciais, caiu na primeira quinzena de maio. O farelo de algodão com 28% de proteína bruta está cotado, em média, em R$800,61/t, sem o frete, queda de 5,3% em relação à primeira quinzena de abril, e em doze meses, a queda está em 30%.


A cotação média do farelo de algodão com 38% de proteína bruta, está em R$1.129,50/t, sem o frete, queda de 4,5% frente à primeira quinzena de abril e, em doze meses, queda de 34,1%.


Figura 5.
Cotação média mensal dos coprodutos do algodão, em Mato Grosso, em reais por tonelada.



*Até 16/05
Fonte: Scot Consultoria.


Expectativas


A expectativa de maior produção e aumento nos estoques finais da safra brasileira 2023/24, poderá pressionar os preços da pluma de algodão e seus coprodutos no curto prazo. 


No mercado internacional, a expectativa para a safra norte-americana 2024/25 é de maior produção em relação à safra anterior, em adição, há maiores estoques absolutos nos EUA e no mundo.


Na safra norte-americana, o bom andamento da semeadura está contribuindo para a baixa, indicando que 33,0% da safra foi semeada, superando a média de 31,0% dos últimos cinco anos.


Do ponto de vista do pecuarista, com a perspectiva de maior disponibilidade do alimento na safra vigente, as cotações poderão ficar abaixo das atuais referências no decorrer do ano.


Contudo, a oscilação do preço do petróleo, o câmbio, o clima e a concorrência com alimentos alternativos poderão mudar esse cenário.