No coração do Brasil, a pecuária está passando por uma verdadeira revolução tecnológica e de gestão. Na última semana, a equipe da Scot Consultoria, por meio do projeto Confina Brasil, visitou diversas fazendas em Minas Gerais e Tocantins com o objetivo de entender como os pecuaristas dessas regiões estão adotando novas práticas para otimizar a produção e garantir a sustentabilidade.
A pesquisa expedicionária rodou 2.995 quilômetros, passando por 20 propriedades em 5 dias, fazendo um levantamento da situação dos confinamentos de gado de corte nesses estados.
Em Minas Gerais, a modernização da pecuária é visível a cada fazenda visitada. Drones, sensores, automação de fábricas de ração e balanças automáticas são apenas algumas das tecnologias que estão sendo incorporadas nas operações diárias. Essas inovações estão permitindo que os pecuaristas monitorem de perto a saúde e o desempenho de cada animal, identificando rapidamente problemas e ajustando as estratégias de manejo.
Um exemplo é a Fazenda São Sebastião, em Frutal, que se destaca pela integração de tecnologias avançadas desde 2013, com balanças automáticas que pesam os bovinos individualmente, permitindo um monitoramento preciso do desempenho de cada um e a identificação de possíveis problemas de saúde.
Outro destaque em Minas Gerais é a Fazenda Fazendinha, também em Frutal, que se tornou uma referência em confinamento de gado desde 1978. Utilizando drones e estações meteorológicas, a fazenda consegue manter um controle rigoroso sobre o ambiente.
Foto por: Bela Magrela
A nutrição de precisão vem ganhando destaque nos confinamentos mineiros, com o uso estratégico de co-produtos como DDG e DDGS para a formulação de dietas personalizadas e eficientes.
"Algo interessante que observamos em Minas Gerais é a crescente adoção do DDG e DDGS. Apesar das distâncias envolvidas, ele vem se mostrando uma opção bastante viável e atraente para os produtores da região. Muitos pecuaristas têm destacado que o preço do coproduto tem chegado a valores competitivos, muitas vezes melhores que os oferecidos por fornecedores mais próximos. Isso tem permitido que os coprodutos ganhem espaço significativo nos confinamentos mineiros, contribuindo para uma nutrição eficiente e de bom custo-benefício", explica a equipe técnica do Confina Brasil.
Nas propriedades, a Agropecuária Marca Estrela, em Uberaba, que atua no confinamento de bezerros machos desde 2019, incorporou o uso de DDG na dieta dos animais, uma inovação trazida pela proprietária após participação em eventos especializados.
A Fazenda Fazendinha, possui uma fábrica de ração moderna e altamente automatizada, e utiliza uma variedade de insumos, como o DDGS e o caroço de algodão, para garantir uma alimentação equilibrada e eficiente.
Já na Fazenda Borda da Mata, localizada em Iturama, que opera principalmente como boitel, a nutrição dos bovinos também faz uso do DDG (grãos secos de destilaria), que se mostrou uma opção viável e econômica. Atualmente os gestores trabalham com o DDG da Inpasa - parceiro do Confina Brasil - e também realizam recria intensiva a pasto (RIP) e terminação intensiva a pasto (TIP), integrando essas práticas ao manejo nutricional para otimizar a produção.
A nutrição dos animais no confinamento Mutum é feita em parceria com a Nutron, que fornece o núcleo utilizado nas dietas. A dieta de terminação inclui silagem de sorgo, sorgo-grão, DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis), ureia e água. Nos últimos três anos, o DDGS, fornecido pela Inpasa, tornou-se a principal fonte proteica na dieta dos bovinos, devido ao seu custo-benefício vantajoso.
A propriedade conta ainda com uma fábrica de ração onde também produzem ração para outros pecuaristas da região, aproveitando a compra conjunta de matéria-prima.
Em Campo Florido, a Fazenda Santo Inácio, parte do grupo DBA Tondin, se destaca pela utilização estratégica de coprodutos agrícolas. O confinamento surgiu como uma solução para o aproveitamento do milho produzido na propriedade, que se destaca por sua gestão eficiente de insumos, com uma fábrica de ração que desenvolve suas próprias formulações e busca o melhor custo-benefício no mercado.
Foto por: Bela Magrela
A visita do Confina Brasil a Minas Gerais e Tocantins revelou um setor em constante transformação.
As fazendas estão abraçando a inovação e a tecnologia, combinando tradição com modernização para enfrentar os desafios do mercado. Seja através da automação, do uso de coprodutos na nutrição ou da expansão das operações, os pecuaristas dessas regiões estão redefinindo os padrões da pecuária de corte em suas regiões.
À medida que o Confina Brasil continua sua jornada, fica claro que são muitas as ações que podem ser desenvolvidas em busca de crescimento sustentável e melhorias contínuas na gestão e na produção do setor de gado de corte no país.
A pesquisa expedicionária segue agora para o Pará, em busca de novas histórias, fechando sua 12ª semana na estrada, do total de 17 previstas.
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Matéria originalmente publicada em Confina Brasil.