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Carta Grãos - Milho: demanda firme e estoques menores sustentando os preços no Brasil

por Felipe Fabbri
Quinta-feira, 29 de agosto de 2024 -06h00


A colheita da segunda safra está praticamente concluída - foram colhidas 97,9% das lavouras, até 25/8/24. 


Além do término da colheita brasileira da safra 2023/24, no mercado internacional, aproxima-se a colheita da safra 2024/25 nos Estados Unidos, com a perspectiva de produção maior do que a inicialmente projetada para o mercado local – quadro que tem, até o momento, pressionado os preços no mercado internacional. 


A expectativa era de mercado pressionado – perspectiva que, até o momento, não ocorreu. 


Figura 1.
Preços médios mensais do milho em grão, em R$/saca, em Campinas-SP.

Fonte: Scot Consultoria


Por que os preços do milho continuam sustentados e com a expectativa de alta no mercado doméstico?  Comentaremos a seguir.


Produção recorde x menor produção na safra anual


Na safra 2022/23, a produção brasileira foi recorde.


Apesar da elevada produção, a demanda mostrou-se firme, com destaque para a exportação na última safra, o que limitou o aumento dos estoques brasileiros para a temporada 2023/24 - os estoques, inclusive, diminuíram.


Com estoques mais baixos, a produção na safra 2023/24 teve maior relevância em relação aos preços do milho e, ao longo da temporada, apesar de uma boa safra, tivemos desafios climáticos que levaram a uma perspectiva de produção 15 milhões de toneladas menor do que o recorde da safra anterior.


A Conab revisou a produção total (1ª, 2ª e 3ª safra) de 115,8 milhões de t, em julho/24, para 115,6 milhões em agosto/24.


Demanda interna firme e boa expectativa para a exportação


Se a produção diminuiu, a expectativa para a demanda interna aumentou - passou de 79,5 milhões em 2022/23, para 84,2 milhões em 2023/24.


Destacamos que em agosto a Conab elevou a expectativa de exportação de 33,5, para 36 milhões de toneladas - um bom volume exportado frente ao histórico brasileiro, mas abaixo do registrado na safra passada - 54,6 milhões de toneladas.


A exportação, com o aumento da oferta brasileira, tem crescido nos últimos meses - tendo julho/24 registrado o segundo maior volume embarcado no ano (3,55 milhões de toneladas) e com os embarques diários em agosto mantendo-se parelhos aos de julho.


Estoques finais menores


A perspectiva é de uma demanda total de 120,2 milhões de toneladas - a terceira maior desde a safra 2017/18.


Os estoques finais - aqueles que abastecem o mercado até a entrada da primeira safra (meados de março) - foram revisados para baixo e deverão ser os menores desde a safra 2017/18 - veja na figura 2.


Figura 2.
Estoques finais de milho no Brasil, em milhões de toneladas, por ano-safra.

*estimativa em julho/24; **estimativa em agosto/24.
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria


Expectativas para o curto prazo


Em Campinas-SP, a cotação do milho em grão subiu 2,2% em trinta dias - R$59,68/saca.


No mercado futuro (B3), a expectativa é de preços firmes para os próximos meses – acompanhe na figura 3 – mesmo com um viés de baixa nas cotações na Bolsa de Chicago (CBOT).


Figura 3.
Preços do milho no mercado físico e no mercado futuro, em Campinas-SP.

Fonte: Scot Consultoria / B3 (26/8/24)


Apesar do recorde, o quadro no mercado internacional – estimativa de bom rendimento nos Estados Unidos e aumento nos estoques internacionais – requer atenção ao produtor, pois poderão pressionar os preços no mercado interno.