A pesquisa-expedicionária Confina Brasil iniciou sua quarta e última rota de visitas aos confinamentos de gado de corte do país passando por propriedades no estado do Maranhão, um estado com desafios logísticos e climáticos para os pecuaristas.
Situado no clima tropical equatorial, o MA conta com dois períodos bem definidos: um chuvoso e outro seco. No estado, as janelas de plantio são bem apertadas e algumas propriedades não conseguem realizar a safrinha por conta do atraso da safra anterior.
No começo deste ano, por exemplo, a seca prejudicou o desenvolvimento das culturas plantadas entre novembro e dezembro. A falta de chuva afetou grande parte das lavouras e o estado prevê uma queda na produtividade dos grãos, especialmente de soja e milho.
Uma prática que vem se disseminando entre os confinamentos maranhenses é a técnica de uso de grão úmido, refletindo uma tendência de buscar maior eficiência na alimentação do gado.
Essa solução, já destacada pela expedição em outros estados, mesmo que ainda incipiente na região, tem trazido resultados promissores em confinamentos como o da Fazenda São João, do grupo Fribal, localizada em Campestre, no Maranhão.
“A produção de grão úmido oferece significativas vantagens nutricionais e operacionais. O processo de fermentação prévia pode melhorar a digestibilidade do amido em até 15%, promovendo uma maior absorção de energia pelos animais. Isso resulta em melhores conversões alimentares, otimizando o desempenho do rebanho. Além disso, a colheita antecipada do milho não apenas possibilita liberar as áreas de plantio mais cedo, como também reduz as perdas por intempéries e degradação no campo, permitindo a implantação de uma segunda safra ou o uso estratégico da área para pastejo”, comenta a equipe da Scot Consultoria, empresa responsável pelo Confina Brasil.
Além disso, o armazenamento eficiente, realizado por meio de ensilagem em bolsas ou trincheiras, assegura a preservação da qualidade nutricional dos grãos. Esse método reduz a exposição a fatores ambientais que podem causar degradação ou contaminação, minimizando perdas e aumentando a durabilidade do insumo.
A qualidade da nutrição, portanto, depende não só da qualidade do insumo escolhido e do seu processamento, mas pode oscilar dependendo do processo de armazenamento e conservação. A utilização de equipamentos específicos para a compactação e extração de grãos, como aqueles fornecidos pela Marcher Brasil – parceira da expedição e presente nas visitas ao Maranhão –, garante uma vedação eficaz e facilita a operação, além de reduzir custos com mão de obra. A combinação dessas práticas pode otimizar o desempenho nutricional, contribuindo para melhor eficiência produtiva e retorno financeiro.
Foto por: Bela Magrela
Embora muitos confinamentos na região ainda não tenham implementado essa tecnologia, o interesse está crescendo. Durante visitas, produtores locais, como os da Fazenda São Paulo, em Colinas, ficaram entusiasmados com os benefícios potenciais do grão úmido, especialmente em termos de manejo das janelas de chuva, o que poderia permitir uma segunda colheita em áreas onde isso anteriormente não era viável. Além disso, a propriedade já trabalha com o sistema de silos-bolsa, o que despertou ainda mais a atenção a esse tipo de alimentação.
O Grupo Agromontova, em Balsas, por exemplo, está adotando uma abordagem gradual, iniciando com o sorgo reidratado no confinamento Tanque. A estrutura moderna e bem planejada da propriedade, com trincheiras cimentadas, já está preparada para expandir o uso do grão reidratado, uma visão estratégica de longo prazo para aumentar a eficiência produtiva.
Em termos nutricionais, a região vai ganhar mais opções a partir de 2025. A inauguração de uma planta da Inpasa, indústria de etanol de milho, no Maranhão, prevista para o próximo ano, representa um avanço no fornecimento de DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis), um insumo rico em proteína e energia, já disseminado em confinamentos Brasil afora e que em breve chegará de forma mais acessível ao estado maranhense.
Atualmente, os pecuaristas do estado relatam desafios logísticos e a falta de insumos acessíveis, o que limita as opções e encarece a alimentação do gado. As estratégias observadas pela expedição destacam alternativas adotadas pelos produtores locais para otimizar a produtividade, buscando soluções que minimizem os impactos financeiros e mantenham a eficiência mesmo diante dos desafios.
Foto por: Bela Magrela
Um dos objetivos da Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (Aged/MA) é conquistar o status sanitário de zona livre de febre aftosa com reconhecimento internacional conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal.
Esta conquista pode ajudar o estado a impulsionar o setor pecuário, valorizando o gado maranhense, que poderá ser ofertado ao mercado externo.
De acordo com a Aged, quando o Maranhão recebeu a classificação nacional de zona livre com vacinação, a produção pecuária cresceu. No período de 2012 a 2023 e considerando que o status de zona livre de aftosa com vacinação veio em 2014, houve crescimento do setor pecuário maranhense com a expansão de abatedouros, saindo de 0 estabelecimento em 2012 para 12 empreendimentos em 2023.
Dados do IBGE mostram também que a pecuária de gado de corte no Maranhão está em crescimento expressivo, refletindo a evolução das práticas intensivas no estado. De acordo com os dados mais recentes, o rebanho bovino maranhense atingiu aproximadamente 9,5 milhões de cabeças em 2022, representando um aumento de cerca de 7% em relação ao ano de 2012, quando o rebanho era estimado em 8,9 milhões.
Em 2023 a Aged contabilizou 10,4 milhões de cabeças de gado, um crescimento de 8,65% de um ano para outro.
Esse crescimento está atrelado ao avanço das técnicas de manejo intensivo, como a terminação intensiva a pasto (TIP) e o confinamento, que têm se tornado mais comuns entre os pecuaristas do estado.
Foto por: Bela Magrela
Segundo dados preliminares da pesquisa Confina Brasil 2024, as propriedades visitadas no Maranhão apresentaram um incremento médio de 35% nas projeções de gado confinado para este ano, em comparação a 2023.
Além disso, a abertura do Confinamento Tanque, na região de Balsas, operado pelo grupo Agromantova, representa um avanço significativo para a pecuária intensiva no estado. Com um robusto investimento em infraestrutura, esse novo confinamento deve contribuir de forma expressiva para o aumento da porcentagem de gado terminado em confinamento no Maranhão, reforçando o potencial de crescimento do setor.
Em resumo, mesmo com desafios que envolvem clima e questões logísticas, com a crescente adesão a novas técnicas, apoio de lideranças, a conquista da certificação internacional de zona livre de aftosa e a chegada de investimentos, a tendência é que o estado se torne cada vez mais competitivo no mercado interno e externo.
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Matéria originalmente publicada em Confina Brasil.