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Carta Grãos - Está faltando soja no Brasil?

por Felipe Fabbri
Terça-feira, 1 de outubro de 2024 -06h00


Entre janeiro e agosto deste ano, a importação de soja pelo Brasil cresceu 703,1% - foram 802,4 mil toneladas internalizadas, sendo o Paraguai o principal fornecedor (figura 1).


Figura 1.
Exportação brasileira de soja em grão, de janeiro a agosto, por ano, em milhões de toneladas.



Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria


No período, o Brasil exportou 83,4 milhões de toneladas, crescimento de 3,2%, frente a 2023 (figura 2).


Figura 2.
Importação brasileira de soja em grão, de janeiro a agosto, por ano, em mil toneladas.



Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria


Em setembro, até a segunda semana, o embarque foi de 3,0 milhões de toneladas (Secex), considerando a média diária até o momento, o mês deve encerrar com 6,0 milhões de toneladas exportadas – volume relativamente atípico para o mês, com o mercado internacional destinando suas compras à safra norte-americana, em fase de colheita.


Usando a exportação nos últimos meses de 2023 (out-nov-dez) como um “termômetro” do que podemos esperar daqui para a frente, a exportação somaria mais 14,6 milhões de toneladas.


Considerando o volume exportado e a expectativa até o fim do ano, 104,0 milhões de toneladas devem ser embarcadas – 2,2% acima dos embarques em 2023, que somaram 101,9 milhões de toneladas, e recorde para o setor.


No mercado interno, a estimativa é de que o esmagamento da oleaginosa em 2024 seja de 54,5 milhões de toneladas. Até julho, foram 28,3 milhões (Abiove).


Somados, estimamos um suprimento (exportação + demanda interna), na ordem de 158,5 milhões de toneladas de soja.


Considerando uma produção de 147,3 milhões e estoques iniciais de 3,3 milhões de toneladas (Conab) – tem-se 150,6 milhões de toneladas. O balanço é deficitário.


O quadro doméstico tem dado firmeza à cotação da soja no Brasil, que subiu 7,8% em trinta dias.


Além deste balanço deficitário, o mercado também está de olho no clima, que tem atrasado a semeadura no Brasil – onde em 2023, até 15/9, já tinha começado (0,2% da área) e este ano está-se aguardando por maiores volumes de chuva.


Em curto prazo, a exportação brasileira deve ser mais comedida, com o mercado internacional comprando dos norte-americanos.