O Brasil reafirma seu protagonismo no cenário agrícola internacional como terceiro produtor global de sorgo, respondendo por 8% do volume mundial. A cadeia produtiva do grão é dominada pelos Estados Unidos, líder com 14% da produção, seguidos pela Nigéria com 11%, segundo dados consolidados da CONAB e FAO (2025).
Essa relevância internacional, no entanto, contrasta com uma trajetória marcada por ciclos distintos. Entre 1976 e 1996, o cultivo apresentou estabilidade técnica, com área média de 160,8 mil hectares e variações inferiores a 5% ao ano, associadas principalmente a práticas de subsistência e rotação de culturas.
A virada ocorreu entre 1997 e 2003, quando a área semeada aumentou 3,72 vezes, saltando para uma média de 754,56 mil hectares no período subsequente (2003–2018). Esse crescimento expressivo, impulsionado pela integração do sorgo em sistemas lavoura-pecuária, consolidou a cultura como alternativa estratégica em regiões de fronteira agrícola.
O mesmo comportamento é observado nos últimos 5 anos em que vemos uma semelhança entre 2003 e 2018 e um aumento expressivo de 2018 em diante, representando um aumento de 2,03 vezes na área semeada.
Figura 1.
Área no eixo da direita, produtividade e produção do sorgo no Brasil eixo da esquerda.
Fonte: CONAB / Elaboração: Scot Consultoria
A produção acompanhou a expansão territorial, com dois saltos consecutivos (1997-2003 e 2018-2024), porém os ganhos em produtividade mantiveram-se modestos: passou 40,83 sacas/ha em 1996 para 52,01 sacas/ha em 2021, um incremento de 21% em 25 anos (equivalente a 0,84% ao ano).
No Brasil, o sorgo mantém seu perfil estratégico vinculado à produção animal, com 1,9 milhão de toneladas destinadas à pecuária de corte e leite em 2023, para a produção de frango de corte, ovos e suínos no mesmo período o volume consumido pela avicultura foi de 2,4 milhões de toneladas representando (62,5%).
Entre 2018 e 2020, o mercado de sorgo registrou aumento nas médias, impulsionado pela pandemia. Em 2024, observa-se alta do preço da saca acima da média dos últimos quatro anos, acompanhada de redução acentuada na produção.
Figura 2.
Preço deflacionado para saca de sorgo (60kg), e a média em comparação com a produção.
Fonte: CONAB / Elaboração: Scot Consultoria
Na comparação entre os preços do milho e do sorgo no atacado nos últimos quatro anos, observa-se competitividade entre as culturas. O sorgo destaca-se como alternativa em cenários de risco climático e janelas estreitas para semeadura do milho principal concorrente por área na segunda safra.
Figura 3.
Comparação entre o preço do milho e do sorgo (saca com 60kg), preços deflacionados.
Fonte: CONAB / Elaboração: Scot Consultoria
Nos últimos quatro anos, a cotação do sorgo subiu consistentemente, com destaque para o último ano, quando atingiu maior cotação por saca (figura 3).