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Duas razões para a soberania chinesa na Eurásia

por Pamela Alves
Sexta-feira, 12 de agosto de 2011 -09h12
De acordo com projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), a China ultrapassará os Estados Unidos como principal economia em 2016. Durante os próximos 20 anos, o bloco denominado Eurásia (Europa e Ásia) vivenciará intensas competições por influência da China.

As duas razões para o domínio da China na Eurásia são:

- Demografia: na última década, os nascimentos na China foram, em média, de 16,5 milhões/ano, apenas atrás da Índia (36,0 milhões/ano) na região da Eurásia.

Comparativamente, a cada dois anos, a China gera a população do Canadá. Em 2030, a população chinesa acima de 65 anos será apenas 16%, comparado com 32% no Japão e 25% na União Européia. A força de trabalho chinesa (15-64 anos) será de um bilhão de pessoas, 67% maior que a da União Européia. A geração jovem (0-14 anos) será a segunda maior da região. Em resumo, a China será muito mais jovem que qualquer outra economia principal, à exceção da Índia.

Ter a maioria da sua grande população em plena capacidade produtiva reflete positivamente no poder de compra. Dessa forma a China se mostra como um mercado com muito potencial. E o agronegócio brasileiro vem observando esse potencial. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a soja lidera as importações chinesas no Brasil e representou mais de 83% do total exportado para o país asiático de janeiro a julho de 2011. Apesar da retração no volume, de 4,8%, a receita aumentou 26%, comparando com o mesmo período de 2010. A receita advinda de carne de aves in natura aumentou 75%.

- Água e energia: a população urbana chinesa crescerá de 50% em 2010 para 80% em 2030, seguindo as taxas de urbanização da Coréia do Sul (82%). Isso vai acelerar a demanda chinesa por água limpa, moradia, transporte, combustíveis, minerais e alimentação.

Com uma crescente urbanização, haverá aumento da demanda por alimentos que possam ser preparados de forma mais rápida, como os industrializados. O Brasil tem aumentado a exportação de frango in natura para a China, mas não exporta carne industrializada de frango. A exportação de carne bovina industrializada merece atenção, da mesma forma que a de frango. As exportações de carne industrializada para a China, como um todo, são um campo de negócio a ser explorado.

Até 2030 a demanda chinesa por energia vai dobrar e a demanda por água subirá 54%, mas as fontes permanecerão estáveis ou ainda se reduzirão. Problemas com falta de água, poluição aguda de rios e solos, desertificação e catástrofes ambientais indicam que a China, já uma grande consumidora desses recursos, necessitará ainda mais. Há previsões de que a competição por água, energia e comida para abastecer o gigante mercado de 1,36 bilhão de consumidores será a causa principal de futuros conflitos na Eurásia.

Investidores deveriam observar essas tendências e possibilidades ao decidirem por investimentos de longo prazo na China. Por outro lado, serão grandes as oportunidades de investimento em minério, eficiência de energia e água, desperdício e gerenciamento ambiental.

Fonte: Jornal The Examiner. Por Andy Maheshwari. 2 de agosto de 2011.