O frio e o déficit hídrico castigam as pastagens, o que promove um aumento na oferta de animais terminados. Tal efeito é típico dos meses de maio, por isso esse período é considerado o “vale da safra”.
Em 2004 e 2005, por razões diversas, o mercado se comportou de forma atípica. Em 2004 o boi reagiu em maio. Em 2005 caiu, mas continuou caindo até setembro. Porém, ao longo dos últimos 20 anos, maio desponta na frente como o mês dos preços mais baixos durante um ano.
Agora, em 2006, a história dá sinais de repeteco. Hoje, em Barretos-SP, tem-se um boi de R$50,50/@, com frigoríficos forçando R$50,00/@, ambos a prazo, para descontar o funrural. Vale lembrar que a média de abril ficou em R$50,97/@, nas mesmas condições.
No entanto, pode-se considerar que se trata de um maio “ameno”. A disponibilidade de gado para abate aumentou, é verdade, mas não a ponto de desencadear um forte movimento de baixa.
Dois fatores têm contribuído para a amenização dos recuos:
1. O fato das cotações da arroba já estarem exageradamente baixas. Se caírem muito mais, podem levar a um agravamento da crise, com reflexos extremamente negativos para o futuro;
2. Parece que, em relação às outras safras, o volume de animais terminados realmente se ajustou. Reflexo de mais de 4 anos de abate de matrizes e redução de investimentos.
Tais considerações já haviam sido tecidas neste espaço logo no início de maio. E o comportamento do mercado ao longo das últimas semanas veio atestar a veracidade das mesmas.
É verdade que ainda tem boi para sair. Não se descarta a hipótese de novos recuos. Porém, como vem sendo apontado desde o início do ano, parece que o boi em São Paulo, que é a praça balizadora do mercado do boi gordo no Brasil, realmente encontrou um forte patamar de resistência (piso) ao redor de R$50,00/@. (FTR)