A lei que instaurou a Poltica Estadual de Mudanas Climticas foi um dos atos mais arbitrrios e autoritrios da histria recente do Estado de So Paulo. A PEMC foi o carimbo no passaporte de Jos Serra para a COP 15 em Copenhague, que aconteceu em novembro passado.
O que Serra prometeu foi uma reduo de 20% nas emisses de gases de efeito estufa do Estado de So Paulo entre 2005 e 2010. Por conta dessas emisses, a pecuria, em conjunto com a minerao e a gerao de energia (petrleo includo) fazem parte do
Axis of Evil das mudanas climticas.
O principal problema da PEMC, entre muitos outros, que ela foi elaborada completa revelia do que pensam os maiores interessados, a indstria e a agropecuria, e da forma como foi elaborada h uma imensa insegurana jurdica no que diz respeito s suas interpretaes e consequncias.
O Plano Nacional de Mudanas Climticas, onde Lula e Dilma prometeram redues de 36% fica para uma outra discusso que diz respeito mais mudanas de uso de solo (= agropecuria estrangulada) do que a produo industrial.
Mas em relao ao Estado de So Paulo, vejamos. A meta reduzir emisses em 20% com base no inventrio de emisses de 2005 (mas que est sendo elaborado em 2010). Uma indstria que esteja atuando j descarbonizada, por exemplo a do alumnio, que trabalha no Brasil com uma mdia de emisses bem inferior mundial, s conseguir reduzir 20% de suas emisses se reduzir 20% de sua produo. A eficincia vai ser punida, em vez de incentivada.
A pecuria brasileira como um todo reduziu suas emisses de metano por kg de carne produzida em 29% nos ltimos 20 anos. Isso no vai contar para nada no PEMC. Outro setor que consiga reduzir suas emisses em 20% mas cuja produo cresa 20% no vai ter reduzido nada. Ou seja, no pode crescer. O crescimento da indstria fica engessado pelas metas de reduo de emisses.
Em vez de exportarmos produtos industriais, So Paulo vai comear a exportar fbricas e empregos para estados vizinhos, que no tenham PEMC nenhuma ou mais provavelmente para a China.
Alm disso, o Estado todo deve arcar com as redues. Pode ser que um setor tenha que reduzir mais do que 20%, e outro menos. Mas a o que ganhou a fatia maior do bolo pode alegar que a lei diz 20% s, no mais. E se a meta no for cumprida? Ainda no est regulamentado, mas podero ser criadas taxas ambientais sobre aqueles que poluem mais. O churrasco na laje do fim de semana vai ficar bem mais caro.
Suponhamos que o mundo seja belo, que o aquecimento global seja uma unanimidade na comunidade cientfica, que a mudana climtica no seja uma desculpa para um neo-estatismo-socialista-mundial bancado pela ONU, que Al Gore e sua Igreja dos Ambientalistas dos ltimos Dias estejam certos e que catstrofes nos esperem em um futuro prximo. realmente preciso fazer alguma coisa. Como empresas, como consumidores, como cidados.
Patrick Michaels, climatologista americano classificado de ctico (embora ele reconhea o aquecimento, mas duvide do tamanho da catstrofe), em palestra recente sobre o tema mostrou em um slide o valor das aes e o volume de vendas de Toyota e Honda (inovadoras em tecnologia hbrida e reduo de emisses) comparadas s da GM (produtora de chalanas que fazem redemoinhos no tanque). Acho que nem preciso comentar a comparao, uma vez que a GM entrou em concordata. Mas a concluso que o mercado premia eficincia, em todos os sentidos, sem que seja preciso que os tentculos do Leviat do Estado nos estrangulem.
E quanto a catstrofes, nossos governadores e prefeitos deveriam se preocupar mais com favelas em encostas e vrzeas do que com a temperatura do planeta em 2100. A sustentabilidade, no custa lembrar, tem trs pilares, o ambiental s um deles. Os outros dois, para quem no sabe so o econmico e o social.
Dito isso, Jos Serra e Xico Graziano ainda tm meu voto. Dadas as alternativas esto entre os melhores homens pblicos que temos. Espero que trabalhem para uma regulamentao correta e menos arbitrria desta lei.
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