Desde a 3 Conferncia das Partes (COP-3) da Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre a Mudana Climtica (UNFCCC), realizada no Japo em 1997, polticas e ferramentas econmicas vm sendo desenvolvidas para reduzir as emisses de gases de efeito estufa (GEE).
Ao final desta conferncia nasceu o chamado Protocolo de Quioto, que s foi ratificado em fevereiro de 2005, quando envolveu pases suficientes para cobrir a cota de 55% das emisses globais.
Esse protocolo define que os pases do anexo I da UNFCCC (desenvolvidos) devem diminuir suas emisses em pelo menos 5% com relao aos nveis de 1990, entre 2008 e 2012.
Como o Brasil no figura no anexo I, no est enquadrado nas obrigatoriedades de reduo das emisses que constam no protocolo. Para os pases em desenvolvimento foi criado o Mecanismo de desenvolvimento Limpo (MDL).
O MDL o nico mecanismo por meio do qual pases desenvolvidos podem abater parte de suas metas mediante aquisio de Redues Certificadas de Emisso (RCE) geradas por projetos em pases em desenvolvimento. o chamado mercado de crditos de carbono.
Os projetos de MDL nos pases em desenvolvimento tm que apresentar benefcios mensurveis e de longo prazo, podendo atuar na reduo das emisses ou no aumento da remoo dos GEE.
Acontece que, segundo as regras do primeiro perodo de compromisso do Protocolo de Quioto (2008 a 2012), a preservao de florestas j existentes no contemplada como uma fonte de crdito de carbono. S so aceitos projetos de florestamento e reflorestamento (FR).
Primeiramente, temos que entender o que uma floresta para fins de MDL. Para o Brasil, a definio de floresta uma rea mnima de 1 hectare, com cobertura de copa superior a 30% e com rvores com o potencial de atingir uma altura mnima de 5 metros na maturidade.
Os conceitos dos projetos de FR esto expostos a seguir.
FLORESTAMENTO
a converso, induzida diretamente pelo homem, de uma rea que permaneceu sem floresta por um perodo de pelo menos 50 anos, para uma rea com floresta, por meio de plantio, semeadura e/ou promoo de fontes naturais de sementes.
REFLORESTAMENTO
a converso, induzida pelo homem, de terra no-florestada em terra florestada por meio de plantio, semeadura e/ou a promoo induzida de fontes naturais de sementes, em rea que j foi florestada, mas convertida em terra no-florestada. Para o primeiro perodo de compromisso, as atividades de reflorestamento esto limitadas s terras que j no continham floresta a partir de 31 de dezembro de 1989.
Atualmente, o Brasil possui 8% dos projetos mundiais de MDL, ocupando a terceira posio, atrs somente de China e ndia, com 37% e 27% dos projetos, respectivamente.
Contudo, ao analisarmos a diviso por tipos de projeto no Brasil, os relacionados ao setor florestal no atingem 1% do total. Muito pouco para um pas de extenso territorial to vasta e participao to efetiva dentro do setor florestal.
Mas isso pode mudar em breve. Est em estudo um mecanismo chamado REDD (Reduo de Emisses por Desmatamento e Degradao), que prope a incluso do desmatamento evitado no mercado de crditos de carbono.
O REDD
Durante a COP-13, em Bali, ficou claro entre as partes a necessidade de incluir projetos dessa natureza nos esforos para controlar as mudanas climticas, embora um acordo sobre o tema tenha sido postergado para a COP-15, em Copenhagen, a ser realizada em dezembro de 2009.
A discusso ainda no alcanou um consenso, visto que no faltam argumentos tanto para quem defende o REDD como para quem contra.
Os defensores alegam que entre 20% e 25% das emisses antropognicas de gases de efeito estufa tm origem no desmatamento e que somente por meio de mecanismos de conservao florestal, com incentivo financeiro, ser possvel controlar essa prtica. Alm disso, projetos florestais geralmente tm impactos positivos nas regies onde so implementados, seja na preservao da biodiversidade ou no aumento da qualidade de vida das comunidades locais.
J os que so contra defendem que o baixo custo de projetos de desmatamento evitado, juntamente com o eventual aumento de oferta de crditos de carbono, podem ser fatores que venham a desequilibrar o mercado, caso a demanda por crditos de carbono no aumente.
Outras questes so as dificuldades para se obter metodologias para quantificar o carbono de florestas e a permanncia incerta das mesmas, em virtude de fenmenos naturais.
O fato que o Brasil deve assumir uma posio de liderana nessa discusso, visto que, de acordo com a EMBRAPA, o pas possui quase 70% de reas originais de floresta preservadas. Espera-se que a COP-15 traga consigo uma resoluo positiva acerca do REDD, tornando mais efetiva a participao do setor florestal no mercado de crditos de carbono.
Afinal, a compensao econmica daria uma bela ajuda ao esforo conservacionista que vem sendo realizado. Se a floresta realmente tiver valor (e no somente promessas utpicas de valor), ser mais fcil mant-las em p.
<< Notícia Anterior
Próxima Notícia >>