A pretendida e descabida ampliao das reas de proteo permanentes (APPs), caminho que o pas pretende percorrer, a contramo da realidade financeira internacional e ter como consequncia inevitvel a insustentabilidade econmica e social do setor produtivo primrio brasileiro. Os nmeros que irei disponibilizar aqui so alarmantes, para no dizer trgicos. Indicam claramente a runa do agronegcio brasileiro, com gravssimas consequncias para toda a economia do pas. Chamo a ateno para o perigo que est rondando o Brasil neste exato momento.
O caso especfico do Rio Grande do Sul, que tem uma rea de 28,2 milhes de hectares, corre o risco de perder 20% dela, como o desejo de ONGs internacionais que tentam forar o governo brasileiro a ceder s suas exigncias. O caos que se avizinha vai atingir em cheio a lavoura de fumo, que tem hoje 95 mil produtores envolvidos. Seguramente, 60% deles deixaro de plantar, pois esto em rea de declividade de at 45 graus. Pior ainda ocorrer com produtores de videira e de alho, com 80% deles sendo obrigados a abandonar as plantaes. Vai acontecer o mesmo com a lavoura de arroz em vrzea, uma atividade que congrega cerca de 15 mil produtores e a metade ser inevitavelmente atingida pelas medidas que se pretende adotar.
Haver tambm uma reduo drstica de avirios e pocilgas de, aproximadamente, 30% a 40%, pois eles esto situados em reas de declividade ou de preservao permanente. As lavouras de soja e de milho tambm sero reduzidas em aproximadamente 30%. Sero 788 mil gachos desempregados e mais de 100 mil propriedades rurais que vo deixar de produzir.
A economia brasileira ser terrivelmente abalada. Imaginemos da porteira para dentro, o grande prejuzo que aguarda o produtor rural. Agora, se olharmos da porteira para fora, vamos de encontro sade financeira do pas, pois o setor agropecurio comprovadamente o grande responsvel pelo saldo da balana comercial brasileira e um dos setores que mais gera empregos. Para se ter uma idia, a cada posto de trabalho aberto no campo, outros dois so criados na cidade.
No h na lei que define as reas de proteo permanente nada em consoante com a modernidade, no passando de um abuso ambientalista, patrocinado por ONGs radicais e carecendo de um estudo tcnico e cientfico mais profundo.
O fato que precisamos manter as reas j consolidadas e uma poltica sria e responsvel que no venha a se curvar diante de uma simples presso de ONGs internacionais, que insistem em adotar no Brasil as restries que no querem em seus pases de origem. Se a nao brasileira dobrar seus joelhos diante destas ONGs ser o maior retrocesso econmico e social da histria do pas. Retrocesso que no tem nem amparo legal, se levarmos em conta o dispositivo do direito adquirido.
S no Rio Grande do Sul a perda de rea produtiva chegar a 5,6 milhes de hectares, caso tenha que entregar 20% de seu territrio. No ser preciso nem uma calculadora para contabilizarmos o tamanho do custo ao produtor. Considerando o preo mdio do hectare a R$5 mil, o prejuzo totalizaria R$28 bilhes. Se o acham incomensurvel, ento acrescentem a ele as despesas com georeferenciamento, agrnomos, averbao nos cartrios de registro e com o prprio restabelecimento das florestas, pois alm de entregar suas terras o proprietrio rural ter ainda de cercar e plantar rvores. Um valor que elevaria a despesa em mais R$10 bilhes, totalizando a incrvel cifra de R$38 bilhes.
A, surgem uma constatao e uma indagao: O produtor rural j penalizado historicamente com a falta de polticas consistentes e ele no ter como arcar com mais um prejuzo. Ento, quem deveria pagar? No nosso entendimento, se prevalecer a reserva legal, o custo tem de ficar com a Unio. Afinal, ela que est aceitando as exigncias impostas por segmentos estrangeiros, mesmo ciente do imenso prejuzo que causar economia nacional. O que no pode acontecer o produtor ser obrigado a pagar pelo problema que foi criado por outros. uma questo de justia, independente do tamanho da propriedade.
Se o estado entender que no pode indenizar, que transfira a conta para as ONGs como WWF ou Greenpeace. o mais lgico, pois se elas querem transformar o Brasil na maior floresta do mundo, ento que paguem por isso. Dinheiro elas tem. Basta verificar o nmero de veculos que compram exclusivamente para fiscalizar os agricultores brasileiros. preciso deixar claro que APPs e reserva legal tem custos. Alis, custos altssimos. No brincadeira ambiental. coisa sria, com danosos reflexos na economia nacional, que no tem a mnima importncia para as ONGs, todas estrangeiras, que no exigiram em seus pases o que querem impor por aqui.
O produtor j pagou o que tinha de pagar. No Rio Grande do Sul, 3,9 milhes de hectares so de APPs, mas agora querem mais 20% para proteo ambiental. Um absurdo sem tamanho e totalmente fora do contexto mundial contemporneo. No se pode tratar uma questo importante, sria e delicada como esta com embasamento meramente ambientalide. urgente que se faa um estudo econmico ecolgico, planejado por cientistas e universidades conceituadas e no por ONGs.
A ordem mundial reduzir custos de produo. No Brasil, querem aumentar os custos para o produtor que j paga o leo diesel mais caro do mundo e que tem uma carga tributria elevadssima, chegando a 50%, entre impostos estaduais e federal. Os absurdos ficam ainda mais ntidos quando observamos, de um lado, os nmeros ostentados pelo setor rural, sempre deficitrios, e, do outro, com os da Petrobrs, que fechou 2008 com um lucro de R$34 bilhes. Lucratividade que est diretamente ligada ao setor primrio, que encheu os cofres da empresa, ao ser obrigado a comprar o leo diesel com o preo mais elevado do planeta.
Alm disso, aqui no Brasil tambm esto os defensivos agrcolas mais caros do mundo. Se pegarmos uma planilha de custos da produo agrcola vamos encontrar inmeros itens para penalizar o produtor. preciso entender que os Estados Unidos, por exemplo, cultivam mais de 200 milhes de hectares, enquanto o Brasil s cultiva 60 milhes de hectares. Na safra passada, os americanos gastaram US$6,8 bilhes com defensivos, enquanto por aqui, com 1/3 de rea, foram gastos US$7,1 bilhes. A diferena simples: l existe uma poltica agrcola sria, que est conseguindo promover o desenvolvimento do setor.
No Brasil gasta-se muito mais para produzir e no momento em que se busca o crdito oficial, sonhando com um juro mais baixo, esbarra-se na porta dos bancos. Os poucos que conseguem entrar so obrigados a contratar consrcios, seguros, ttulos de capitalizao, fazendo com que o ndice dobre. No h, na prtica, juro baixo para o negcio rural.
Nos anos 70 e 80 o Brasil tinha uma carga tributria de 20% e hoje ultrapassa 36%. Todo mundo reclama, mas ningum tem mais razo para lamentar do que o produtor e o consumidor, que so os dois segmentos que pagam os tributos. O agricultor sente na pele quando precisa comprar mquinas e implementos agrcolas que so fabricados por indstrias instaladas no Brasil. Nos pases do Mercosul os mesmos equipamentos chegam a ser comercializados pela metade do preo praticado por aqui. Tudo por causa de nossa altssima carga tributria. Notem que eu disse: mquinas agrcolas, que s interessam ao homem do campo, a quem produz o alimento essencial a vida na terra. No bastasse, impossvel pensar em lucro, quando pagamos as obrigaes sociais em o dobro quando se compara a um uruguaio, por exemplo.
Agora ainda querem jogar nas costas de quem produz, gera empregos e riquezas na cidade a obrigao da fazer a preservao em sua propriedade. Querer que o agricultor pague para trabalhar impossvel. Como toda atividade econmica, ela existe para gerar lucros, sem o que ir falncia. O fracasso do setor produtivo primrio, no entanto, sinnimo de fome e de misria. E nesse momento importante lembrar as palavras do ex-presidente Getlio Vargas, em cujo governo teve incio uma poltica agrcola que persistiu nos anos 50, passando pelos militares, at 1980. Getlio disse que O poder pblico deve compenetrar-se de que seu dever elementar assistir as fontes de produo. No se pode baratear a vida sem aumentar a produo, sem amparar o produtor. Onde est o interesse do produtor est o interesse do Brasil.
profundamente lamentvel que os governos atuais no pensem mais assim. A mudana de raciocnio s fez a dvida do produtor aumentar, enquanto ele s faz aumentar o dinheiro do prprio governo que o prejudica. O presidente Lula acha chique emprestar dinheiro para o Fundo Monetrio Internacional e at perdoa as dvidas do Equador, Bolvia e do Uruguai. O dinheiro que Lula est emprestando do suor dos agricultores brasileiros. Vem da incansvel luta de uma classe constituda de autnticos heris, capazes at de abarrotar os cofres do governo de dinheiro, suficiente at para emprestar ao FMI, enquanto v seu prprio patrimnio se perder na escurido da insensatez governamental.
No momento em que pases do mundo inteiro tentam se unir para combater o desemprego e a fome aqui no Brasil, inspirado pelo discurso ambientalide de ONGs estrangeiras, o governo pode estar promovendo o desemprego de 20% a 40% dos brasileiros nos prximos anos, caso seja mantida a obrigao do produtor rural averbar 20% das suas propriedades para reserva legal.
Pense nisso.
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