Tenho uma modesta proposta para que a humanidade resolva seu problema de segurana alimentar e ao mesmo tempo contribua para a sustentabilidade e a preservao do meio ambiente.
Esta proposta consiste em adotarmos o
canibalismo como dieta bsica em todo o planeta.
Comendo nossos semelhantes, preservaramos outras espcies de nossa crueldade e contribuiramos para uma drstica reduo populacional, evitando mudanas climticas por causa da pecuria e diminuindo a poluio e a demanda por recursos naturais.
O que vai acima obviamente sarcstico ( preciso explicar isso hoje em dia), e foi inspirado em Jonathan Swift.
Em 1729, o autor irlands escreveu um ensaio intitulado
A Modest Proposal onde argumentava que seus conterrneos pobres poderiam resolver seus problemas econmicos, sua fome crnica e seu crescimento populacional desenfreado se passassem a vender suas prprias crianas como comida para as classes mais abastadas.
Claro que ningum ainda props o canibalismo como uma dieta sustentvel, embora certas correntes do ambientalismo mais radical proponham abertamente que as pessoas parem de se reproduzir como forma de salvar o planeta
( http://www.vhemt.org/ ).
Mas desde que o ambientalismo e a onda politicamente correta transformaram o ato de comer carne em sinnimo de peso na conscincia, o veganismo virou a dieta sustentvel por excelncia, e seus praticantes, apesar da deficincia nutricional, arvoram-se em seres moralmente superiores ao resto dos mortais.
Agora outras sugestes de dieta tem aparecido na tentativa de varrer a carne dos cardpios da humanidade, entre elas a que prega substituir a carne por insetos.
Recentemente, a prpria FAO criou um programa de incentivo ao uso de insetos comestveis como fonte de protena na dieta de pases subdesenvolvidos
http://www.fao.org/forestry/65429/en/.
No site dos eventos TED Ideas Worth Spreading, o pesquisador holands Marcel Dickens d palestra sobre porqu comer insetos.
Aqui no Brasil, o Fantstico do dia 03/04 (sim, h sempre eco para bobagens na imprensa nacional) levou ao ar uma reportagem onde dizia que o consumo de insetos poderia resolver a crise mundial de alimentos.
Na reportagem um outro cientista holands, Arnold van Huis, ligado FAO, diz que insetos so mais eficiente que bois, e que podem ser uma boa idia para o Brasil. Diz ele que 15 produtores rurais holandeses j esto ganhando dinheiro com isso, vejam que maravilha.
Interessante que sejam holandeses, cujo consumo per capita apenas de carne de porco de mais de 40kg por habitante por ano, e cuja produo polui seus solos e lenis freticos muito mais do que aqui, a recomendar insetos na dieta dos brasileiros.
Uma analogia aqui pode ser ilustrativa. H algum tempo um colunista de um jornal paulistano reclamava ser um absurdo que as autoridades deixassem tantos carros serem vendidos ou licenciados na cidade de So Paulo, onde o trnsito reconhecidamente catico.
Ora, tantos veculos esto sendo vendidos porque devido ao crescimento econmico do pas, milhares de pessoas que eram condenadas a andar a p, de nibus ou de bicicleta finalmente passaram a ter dinheiro para adquirir um veculo prprio e assim o fizeram.
A FAO diz que em vrias regies do planeta insetos so culturalmente aceitos como alimento. preciso dizer que nessas regies, da frica, sia e Amrica Latina, insetos passaram a ser consumidos por absoluta necessidade.
Hoje, com o crescimento econmico principalmente nos pases em desenvolvimento, milhes de pessoas no mundo tiveram a oportunidade de comear a consumir carne ou de aumentar seu consumo.
E agora dizem: ah, mas comer carne no sustentvel... vocs deveriam comer insetos...
um argumento preconceituoso e elitista, para no dizer fascista.
No sei qual a soluo para o trnsito em So Paulo, no minha especialidade. Provavelmente um transporte pblico mais eficiente ajudaria.
Mas sei que para garantir segurana alimentar e preservao ambiental, a soluo no est em comer insetos.
Est em maior eficincia pecuria, o que se consegue com cincia e tecnologia.
em democratizar essa tecnologia que a FAO deveria concentrar seus esforos, no em modestas propostas onde nos tomam por imbecis.
Fonte:
Revista Nacional da Carne, edio de maio.
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