Vinte e três acampamentos de agricultores sem-terra foram montados no Distrito Federal. Quatro deles estão em áreas de preservação ambiental. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, as ocupações são uma ameaça para o abastecimento de água na região.
Na entrada do acampamento às margens da DF-445, em Brazlândia, foram colocadas uma bandeira vermelha do movimento dos sem-terra e uma placa de pare.
Na entrada do acampamento da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) a placa na entrada lembra que a área é de proteção de manancial. No local, vivem 400 famílias há um ano e meio. Os sem-terra construíram barracos de madeira e lona. Toda a rede elétrica é clandestina. Algumas pessoas plantaram milho, feijão e abóbora.
O ex-trabalhador rural Félix dos Santos, de 77 anos, quer garantir seu pedaço de terra. "Deus vai me ajudar que eu vou ganhar meu pedacinho de chão. Vou formar minha chacrinha e tocar pra frente", diz.
O coordenador da Fetraf, Ariolino da Costa, garante que os sem-terra estão no lugar provisoriamente, como forma de pressão para conseguir uma área definitiva para assentamento. "Nós ocupamos essa área provisória. Nós estamos aqui em busca de uma área para fazer o assentamento das famílias", diz.
Quatro acampamentos estão na Área de Preservação Ambiental da Bacia do Rio Descoberto e na Florestal Nacional de Brasília. Juntas as áreas têm 41 mil hectares. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, elas ajudam a formar o lago do descoberto. "Elas dão origem às nascentes. Essas nascentes dão origem aos córregos que vêm abastecer o lago que abastece 65% da população do Distrito Federal. Essas unidades têm a função exatamente de proteger todo esse ciclo ecológico", diz Lídio dos Santos.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) afirma que não há área suficiente no Distrito Federal para os sem-terra. "Nós vamos cadastrar todas essas famílias no prazo agora de 60 dias. Logo em seguida a gente já promove a remoção para alguns imóveis que nós adquirimos no estado do Goiás", diz Marco Aurélio Bezerra, superintendente regional do instituto.
De acordo com o Incra, não há prazo nem áreas definidas para a transferência dos acampamentos do Distrito Federal.
Fonte: Globo Rural. Pela Redação. 17 de janeiro de 2013.
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