A Marfrig, segunda maior empresa processadora de carne bovina do Brasil, a gigante transnacional do varejo Walmart, juntamente com a organização não governamental The Nature Conservancy, querem transformar algumas fazendas de São Félix do Xingu (PA), que tem o maior rebanho bovino do país,em modelos ambientais e econômicos de produção de gado que possam ser replicados no resto da Amazônia.
O fazendeiro Lacir Soares já aderiu a um modelo de produção de carne sem desmatar. A rotação de pasto e as melhorias na qualidade genética do gado e das pastagens ajudam Soares a aumentar a produtividade em sua fazenda situada na região do "Boqueirão", no município amazônico. O produtor sabe que sem garantias ambientais, a indústria não vai comprar sua carne.
"O equilíbrio entre a pecuária e a floresta não é só uma obrigação legal, também garante um aumento da produtividade", afirmou o fazendeiro.
A luta contra a criação de gado que aumenta o desmatamento ilegal da Amazônia se aprofundou há quatro anos, quando o Ministério Público Federal do Pará denunciou 13 grandes indústrias de carne e advertiu 72 supermercados e fábricas de cosméticos e sapatos (em parte multinacionais) de que enfrentariam a Justiça se comprassem produtos de áreas desmatadas.
O sudeste do Pará foi a área escolhida para o processo de conservação de florestas, solos e rios enquanto a oferta de carnes com garantia de origem para o consumidor brasileiro é ampliado.
As instituições pretendem fornecer recursos técnicos para regularização ambiental e ampliação da produção responsável junto aos pecuaristas das regiões de São Félix do Xingu e Tucumã. A região concentra florestas, distribuídas em Unidades de Conservação, Terras Indígenas e propriedades privadas, além de rios fundamentais para toda a Amazônia, como o Xingu e seus afluentes.
Ao mesmo tempo, é uma das fronteiras agropecuárias mais dinâmicas do Brasil. São Félix do Xingu, por exemplo, é o município com o maior rebanho bovino do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e concentra 1% do rebanho nacional.
"O cerco à pecuária desmatadora se traduziu em uma redução drástica do desmatamento", em mais de 80% nos últimos oito anos no país e no estado do Pará", destacou o promotor Daniel Azeredo Avelino. "Os grandes frigoríficos aderiram ao compromisso da "carne legal" e embora persista "uma parcela de pequenos" que eludem a norma, "a maioria dos produtores incorporou a ideia de que se continuam desmatando, não terão acesso ao mercado", ressaltou o promotor.
Os novos projetos, que marcam um avanço na construção de uma cadeia pecuária mais sustentável, terão monitoramento da produção, realizado pelas empresas, e rastreamento da carne até o consumidor final.
Fonte: Eco Desenvolvimento. 23 de agosto de 2013.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos