Parte do mundo passa fome, mas não apenas por falta de comida. Um terço da produção de alimentos no planeta é desperdiçado entre a colheita e a mesa do consumidor. No Brasil, quarto maior produtor mundial de alimentos, 50,0% do estoque se perde na cadeia de distribuição.
Os dados foram divulgados na quinta-feira (8/5) pela consultora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) Catalina Etcheverry, durante a feira Green Rio. Realizado todos os anos, o encontro reúne especialistas, empresários e interessados em alimentação orgânica.
Durante sua participação no painel Gestão Sustentável da Cadeia de Alimentos, a pesquisadora citou dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) que comprovam o nível do desperdício. "Baseado em um recente estudo da FAO, um terço da produção total, em nível mundial, é desperdiçado. É mais do que a produção de alimentos da África Subsaariana, por exemplo", disse.
No Brasil, o estudo apontou desperdícios. Segundo Catalina, pelo menos 10,0% se perdem nas plantações. Do que sobra, 50,0% são perdidos na distribuição, no transporte e no abastecimento. E do restante, 40,0% se perdem na cadeia do consumo, como nas feiras livres.
A pesquisadora está divulgando a campanha da ONU "Pensa, Come e Poupa", que visa a racionalizar a produção e a alimentação, evitando o desperdício. "É um trabalho que estamos fazendo para diminuir e prevenir o desperdício de alimentos, principalmente no setor hoteleiro, de restaurantes e de fornecedores de comida a eventos. Os países industrializados apresentam o maior desperdício, porque têm o hábito de inutilizar comida que pode ser consumida, só porque tem algum tipo de falha na aparência, como ocorre nos Estados Unidos e na Europa", destacou.
Doações
Segundo Catalina, um dos grandes entraves para o melhor aproveitamento dos alimentos é a existência de leis, em vários países, que não permitem fazer doações de comida que sobra, ainda que em perfeitas condições de consumo.
"A campanha visa a conscientizar a população em geral de que o desperdício alimentício é um problema global. Pequenas ações, em nível de governo, de empresas e do consumidor, podem diminuir essas perdas", afirmou.
Fonte: Agência Brasil. 9 de maio de 2014.
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