A ocupação da Amazônia está intrinsicamente associada à derrubada da floresta para venda de madeira, que abre espaço para o boi e depois para a soja. Nos últimos anos, diante da pressão da sociedade e do Ministério Público, frigoríficos e varejistas acordaram em monitorar a cadeia da carne para assegurar a procedência do boi. Além de tentar estancar o desmate ilegal, a iniciativa visava manter a integridade de áreas indígenas e do trabalhador.
Na esteira desse entendimento, a indústria constituiu, em 2009, um Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) para formular ações e critérios para uma nova maneira de se fazer pecuária no país - em contraponto à "velha escola" de gestão agrícola. De lá para cá, foram selecionadas seis regiões que passaram a desenvolver projetos de conscientização e práticas de administração sustentáveis - dois em Mato Grosso, um em Mato Grosso do Sul, um na Bahia e dois no Pará. Agora, essas ações chegam a Rondônia.
O foco do GTPS está voltado para Rolim de Moura, município com expressivo rebanho e plantas da JBS, Minerva e Marfrig. Segundo Rodrigo Cascalles, agrônomo da ONG Imaflora (membro do grupo), o momento atual é de identificação de lideranças. Serão elas os "multiplicadores" que farão a sustentabilidade ganhar escala.
A chegada ao estado é vista como crucial pela expansão do rebanho que está por vir. O desmatamento em Rondônia voltou a crescer - foram 932 Km2 no último ano, numa reversão da tendência de queda dos últimos cinco anos. O puxador do desmate tem sido as obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio e a migração populacional provocada por esses empreendimentos. Mas a história da Amazônia mostra que mais gente na floresta significa menos árvores e a chegada do boi. A indústria quer agir antes para não reviver a tormenta do passado.
Fonte: Valor Econômico. 22 de setembro de 2014.
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