Um estudo feito pela Fundação Espaço Eco (FEE), ligada à Basf, concluiu que houve avanço da pecuária de corte dos Estados Unidos em relação à sustentabilidade. No entanto, destacou que ainda há oportunidades para avançar mais na produção sustentável de carne bovina no país.
O trabalho, feito para a Associação Nacional dos Criadores de Gado de Corte dos Estados Unidos (NCBA, na sigla em inglês), considerou o período de 2005 a 2011 e, segundo os responsáveis, foi o primeiro a comparar desempenho ambiental e econômico desde a alimentação animal até o consumidor.
Além de mapear a evolução da sustentabilidade na cadeia produtiva, o trabalho visou listar pontos de melhoria. Com base em critérios como consumo de energia, uso da terra, resíduos sólidos e preços de mercado, constatou uma redução de 7,0% nos impactos ambientais no período.
De acordo com o diretor-presidente da Fundação Espaço Eco, Roberto Araújo, houve uma busca maior por inovação e novas tecnologias para melhorar a produtividade. "Melhoramento da genética; irrigação, melhorando as condições de pastagens. Isso faz melhorar aspectos de sustentabilidade", destacou.
De outro lado, deixar a produção mais sustentável foi mais caro para o criador dos Estados Unidos. Os custos no período analisado aumentaram 6,0%, conforme a pesquisa. Ainda assim, ponderando o aspecto econômico e ambiental, a conclusão é de que houve um aumento da eficiência no que diz respeito à sustentabilidade no setor.
Cadeia de valor
A diretora de Pesquisa em Sustentabilidade da Associação Nacional dos Criadores de Gado de Corte dos Estados Unidos, Kim Stackhouse-Lawson, disse que o diferencial do estudo foi unir a cadeia, do produtor até o varejista. Desta forma, é possível colocar a cada segmento as oportunidades de melhoria.
"Não é apenas um setor melhorando, mas um trabalho conjunto. O consumidor nos Estados Unidos não quer pagar mais por uma carne sustentável. Então nosso trabalho é criar valor", declarou ela, que participa da Conferência Global sobre Carne Sustentável, que vai até dia 5, em São Paulo.
A diretora da NCBA mencionou que um dos maiores exemplos desse trabalho conjunto está no combate ao desperdício. Segundo ela, só na carne bovina, corresponde a 20,0% do que é consumido. "Se pudermos reduzir o desperdício pela metade, nosso ganho em sustentabilidade seria de 10,0%."
No entanto, Kim reconhece que, além do processo interno de mudança, um dos grandes desafios é transferir para a sociedade a importância da produção sustentável. De acordo com ela, o consumidor americano quer saber se o modo de produção é responsável, mas não compreende o que, de fato, seja sustentabilidade. "A terminologia não está assimilada e não há uma maneira rápida de falar sobre o assunto."
A alternativa, segundo a representante dos criadores de gado de corte dos Estados Unidos, é conscientizar os stakeholders, os segmentos envolvidas no processo, e, partir deles, estabelecer um diálogo com os consumidores. "Se pudermos fazê-los entender o nosso trabalho e a nossa mensagem, ela chegará ao consumidor final", disse Kim.
Fonte: Revista Globo Rural. 3 de novembro de 2014.
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