As emissões brasileiras de gases-estufa geradas pela pecuária mantiveram-se estagnadas no ano passado, permanecendo em 235,1 milhões de toneladas de CO2, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.
Segundo Tasso Azevedo, coordenador do SEEG, a principal explicação para a manutenção está no fato de o rebanho bovino brasileiro praticamente não ter crescido entre um ano e outro. Seja por ajustes econômicos nos ciclos de abate, avanço da agricultura sobre áreas de pastagens ou maior produtividade do animal, o número de bovinos no país tem se mantido na casa de 210 milhões.
"O crescimento do rebanho desacelerou para 1,5% ao ano, ao passo que a produtividade subiu cerca de 2% a 3% ao ano", diz o estudo, divulgado recentemente. Com o rebanho controlado, portanto, suas emissões também ficam contidas.
Individualmente, a fermentação entérica do gado bovino responde pela maior parte das emissões do setor agropecuário brasileiro. Isso se deve ao tamanho do rebanho e ao fato de o boi ser um grande ruminante, dependendo da fermentação realizada por bactérias em seus estômagos para converter pasto em carne ou leite. Esse processo, porém, traz um custo ambiental: a fermentação produz o metano (CH4), o mais nocivo do grupo de gases que provocam o superaquecimento do planeta, e que é eliminado principalmente por meio de arrotos.
Maior rebanho, o gado bovino é também a maior fonte de metano entre os ruminantes criados no país. Em seguida vêm os rebanhos de ovelhas, cabras, búfalos, cavalos, suínos e demais herbívoros.
Segundo o Observatório do Clima, as emissões por fermentação se estabilizaram no Brasil desde meados da década passada, crescendo 2,2% entre 2005 e 2012, contra a alta de 6% nas emissões do setor agropecuário como um todo.
Se o arroto é um problema, os dejetos dos bois também preocupam. O esterco favorece a fermentação da matéria orgânica por bactérias na ausência de oxigênio, resultando na produção de metano e óxido nitroso (N2O). As grandes emissões no país são associadas ao tratamento de dejetos em tanques e lagoas.
No Brasil e demais países com grandes rebanhos de ruminantes, cientistas e empresas buscam formas de reduzir o estrago ambiental inerente a esses animais com novas fórmulas de alimentação e variedades de capim. Atividade física e mudanças no manejo do gado também podem contribuir com essa redução. No caso dos dejetos, há bom potencial de redução das emissões se esse metano for recuperado e utilizado como combustível.
Fonte: Valor Econômico. Por Bettina Barros. 3/12/2014.
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