O diretor global da divisão de análises do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês), Michael Dwyer, afirmou ontem que a demanda dos Estados Unidos por etanol, atualmente na casa de 50 bilhões de litros, deve recuar nos próximos dez anos para 45,6 bilhões. A inserção de outras fontes limpas de energia nos transportes, tais como veículos movidos à eletricidade, explica a retração.
Para uma plateia de usineiros e traders de etanol presentes no evento da consultoria FO Licht, em São Paulo, o diretor do USDA deixou claro que os EUA já são um exportador líquido e estão agressivamente avançando para consolidar essa posição, sobretudo no mercado da Ásia. Ao Valor, Dwyer disse acreditar que o Brasil poderá ainda continuar exportando ao mercado americano, no entanto, de forma "ocasional".
Os EUA já são um exportador líquido de etanol, tomando o lugar do Brasil, o que era impensável em 2008, segundo ele. "O grande objetivo das empresas americanas é prospectar novos mercados, em especial na Ásia", afirmou o diretor do USDA.
A previsão do órgão americano é de que o consumo do biocombustível na China passe a 4 bilhões de galões (15 bilhões de litros) em 2022, ante os 500 milhões de galões (1,8 bilhão de litros) de 2012.
Nesse cenário, as expectativas do Brasil de vender no futuro grandes volumes ao mercado americano ficam mais distantes. Na visão do USDA, o etanol brasileiro tende a ter como destino o próprio mercado doméstico. Ao contrário do que projeta para os EUA, o órgão americano prevê que a demanda do Brasil por etanol vai crescer na próxima década. Atualmente em 23,8 bilhões de litros, o consumo nacional deve avançar até 2024 para 36,10 bilhões de litros.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) voltou a registrar aumento das vendas internas de etanol hidratado, que é usado diretamente no tanque dos veículos. Conforme a entidade, na primeira quinzena de março foram vendidos pelas usinas do Centro-Sul 681,57 milhões de litros, 50,54% de aumento em relação a igual período de 2014.
Fonte: Valor Econômico. 24 de março de 2015.
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