Foto: Scot Consultoria
Iniciado nas terras do Sul do país, com a rotação entre áreas de arroz irrigado e pecuária, evoluindo para o sistema Barreirão no Brasil Central, também com cultura do arroz, até sua adoção à cultura da soja, com o avanço do plantio direto e da evolução do maquinário, o sistema de integração lavoura pecuária passou a figurar como protagonista em terras tupiniquins (Embrapa¹).
A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é definida como uma estratégia de produção sustentável, integrando atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas em uma mesma área, seja em sistema consorciado, em sucessão ou em rotação.
A ILPF pode ser adotada em diferentes configurações, com inúmeras culturas e diversas espécies animais, de modo a se adequar às condições regionais, combinando-se dois ou três componentes em um sistema produtivo.
Destacam-se os sistemas agropastoril (lavoura-pecuária - ILP), silviagrícola (lavoura-floresta - ILF), silvipastoril (pecuária-floresta - IPF) e agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta - ILPF). A integração lavoura-pecuária representa 83% dos sistemas integrados no Brasil (Embrapa¹).
Os sistemas integrados ocupam 11,47 milhões de hectares. O Mato Grosso do Sul é o estado com maior representatividade em área integrada, com 2,08 milhões de hectares, seguido pelo Mato Grosso, com 1,50 milhões de hectares, representado 18,1% e 13,07%, da área de integração nacional (Rede ILPF² - 2016).
A intensificação da produção em sistemas ILPF traz diversos benefícios ao produtor e ao meio ambiente. O sistema compõe o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC) e, entre 2010 e 2015, foi responsável pelo sequestro de 21,8 milhões toneladas de CO2 equivalente.
Melhora as condições físico-química-biológicas do solo, possibilitando aumento da ciclagem e eficiência do uso de nutrientes, além de reduzir e amortizar custos de produção das atividades agrícola, pecuária e florestal ao longo do tempo.
Ponto fundamental do uso desses sistemas é a mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE), aumentando o sequestro de carbono. Tal particularidade deu ao Brasil o primeiro selo de marca de carne carbono neutro (CNN) – cujo principal objetivo é a garantia que os animais que originaram o produto têm suas emissões compensadas pelo crescimento de árvores no sistema.
Chama a atenção as finanças e a segurança do negócio na implantação do sistema com a possibilidade de realizar até três safras diferentes por ano em uma mesma área – soja, de outubro a fevereiro; milho, semeado junto com o pasto em fevereiro, com a colheita do milho em maio e a manutenção do pasto até outubro, abrindo espaço para novo ciclo.
A adoção de sistemas de ILPF abriu espaço para o debate quanto ao avanço de práticas sustentáveis associadas à produtividade. No decorrer dos anos de utilização, se mostrou forte pilar da pecuária sustentável e rentável, por diversificar os ganhos com a produção e diminuir custos associados.
As pressões do consumidor, as políticas públicas e a necessidade das indústrias em atender esses novos compromissos com a sociedade, tendem a incentivar o aumento das práticas sustentáveis nos próximos anos, movimento que já vem sendo observado, e trazer ao pecuarista uma nova visão sobre o manejo da propriedade. A democratização do uso de ILPF, que pode atender desde o pequeno produtor até os grandes produtores é outro ponto favorável ao aumento dos sistemas em terras agropecuárias no Brasil.
Referências
Associação Rede Integração Lavoura Pecuária – Rede ILPF
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA
Scot Consultoria, diversas publicações
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