Foto: Scot Consultoria
A bovinocultura de corte, no âmbito nacional, é caracterizada por produção em pasto. Estima-se que o Brasil detenha 180 milhões de hectares em pastagens, na qual 95 milhões de hectares estão com algum indício de degradação (LAPIG¹).
A produção de carne, no entanto, não é diretamente proporcional ao tamanho da área com pastos.
O Brasil produziu 10,2 milhões de toneladas de carne bovina em 2019 (USDA²), com um rebanho bovino estimado em 214,4 milhões de cabeças (IBGE³). Comparando, por exemplo, com a pecuária norte-americana, os Estados Unidos produziram no mesmo período 12,4 milhões de toneladas de carne bovina (USDA²), com um rebanho bovino de 94,4 milhões de cabeças (USDA²).
Estes dados, tratados isoladamente, informam-nos poucas coisas sobre a pecuária de corte de cada país, porém, ao levantarmos o número de cabeças abatidas, podemos saber, por exemplo, qual é a taxa de desfrute.
A forma usual de terminação nos Estados Unidos é em confinamento, já no Brasil a estimativa é de que 90% das cabeças abatidas sejam oriundas de pastagens. E o que isso nos diz?
Nos diz, entre outras coisas, que não é preciso confinar toda a boiada destinada para abate, e que intensificar a terminação em pasto pode melhorar o desempenho da pecuária nacional. E é nesse ponto que o TIP (Terminação Intensiva em Pasto) chama a atenção.
A TIP é uma das diversas estratégias que melhora a velocidade de terminação do rebanho, cuja característica é balanço da dieta e do fornecimento da ração na própria área de pastejo.
As diferenças dessa estratégia em relação ao confinamento são: menor custo operacional e estrutural, facilidade no manejo e participação do pasto na dieta.
O bovino consome a mesma quantidade de ração no pasto como se estivesse confinado; a diferença é que o pasto compõe a fonte de alimento volumoso, diminuindo os custos operacionais de fornecimento do alimento.
O objetivo desse sistema não é só o aumento da lucratividade, mas também o aumento da produção de carne por área.
O Brasil tem uma produtividade média de 5@/ha/ano e 0,86(UA/ha), com um grande potencial de crescimento (LAPIG¹).
Os sistemas intensivos de terminação estão, diretamente, atrelados à sustentabilidade da pecuária nacional. Conforme vamos intensificando os sistemas de produção, menos área necessitaremos para produzir a mesma quantidade de carne que produzimos hoje.
A bovinocultura de corte, é vista como “vilã” em relação ao meio ambiente, pois, normalmente, após desmatamentos ilegais, a primeira atividade econômica que se inicia nessas áreas são a cria, recria ou engorda de bovinos.
O foco deve ser a intensificação da produção e a fiscalização da originação dos animais. Incluir e não excluir.
Por isso que, o TIP é uma das alternativas para a produção sustentável de carne bovina.
Bibliografia consultada
¹ Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento
² Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
³ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Scot Consultoria, banco de dados
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