Foto: Scot Consultoria
Na produção de gado de corte, quando os animais são mantidos em confinamento ou semiconfinamento, é importante planejar o aproveitamento dos dejetos, possibilitando a redução de custos de produção.
Os dejetos (fezes, urina, água de descarte dos bebedouros, água de higienização e resíduos de ração), quando manejados e reciclados, contribuem com o meio ambiente, podendo gerar energia, constituir insumos para a produção vegetal e outros fins.
Na tabela 1 são apresentadas características dos dejetos encontrados em um sistema de confinamento para bovinos de corte.
Tabela 1. Produção e características dos dejetos (valores em animal/dia) de bovinos de corte.
*As características reais dos dejetos podem variar em torno de 30% dos valores tabelados, devido à genética, dieta, desempenho dos animais e manejo da propriedade.
*Oxigênio utilizado na oxidação bioquímica da matéria orgânica em cinco dias a 20ºC.
*DT = dejetos totais; ST = sólidos totais; SV = sólidos voláteis; DBO = demanda bioquímica de oxigênio.
Fonte: Adaptado de Lorimor e Powers (2004), elaborado pela Scot Consultoria.
Apesar dos diferentes modos de manuseio, o gerenciamento de dejetos é sempre o mesmo: coleta, armazenamento, processamento/tratamento, transporte e utilização.
As características de manuseio dos dejetos variam conforme sua consistência. Essa consistência pode ser classificada em: líquido (até 4% de sólidos), pastoso (entre 4 a 10% de sólidos), semi-sólido (sólidos entre 10-20%) e sólido (com 20% de sólidos - ou mais).
Os sistemas de separação, geralmente passam pelos seguintes processos: peneiramento, decantação ou flotação e centrifugação.
Alguns dejetos têm biomassa de degradação lenta, de difícil acesso por microrganismos; nesse caso, além do processo de diluição, outros tratamentos são necessários, como a separação de sólidos e a inoculação.
A esterqueira será o local onde os dejetos sólidos serão destinados. Deve ficar a 50m do estábulo e 200m das residências para prevenir o mau cheiro e proliferação de moscas.
Na esterqueira ocorre a fermentação do material entre 60 e 90 dias, dependendo da temperatura média da região. Esse processo favorece a morte de larvas de vermes e produz um adubo de qualidade, seguro e de fácil aproveitamento.
A esterqueira pode ser construída de alvenaria ou madeira, tradicionalmente dividida em três modelos:
1. Subterrânea:
Fonte: www.banet.com.br
2. Encosta:
Fonte: www.banet.com.br
3. Celas:
Fonte: www.banet.com.br
É um sistema de manejo de líquidos. O esterco lavado é conduzido para uma lagoa anaeróbia, que, após saturada, transborda para uma segunda lagoa, retendo apenas o esterco na forma líquida. Dessa lagoa de armazenagem, o efluente pode ser distribuído nas produções agrícolas por sistemas de irrigação.
Após o enchimento das lagoas, elas são submetidas a uma limpeza para retirada do lodo biológico (biossólido, rico em microrganismos e em nutrientes como nitrogênio (N) e fósforo (P)), que podem ser aproveitados como adubo orgânico e/ou preparação de composto orgânico de valor agronômico.
Após a separação da fase líquida da sólida, os efluentes líquidos são transferidos para os biodigestores que reduzem o potencial poluente e produzem o biogás (rico em metano - CH₄).
O biogás pode ser utilizado como combustível para motores-geradores dentro da propriedade, produzindo calor ou energia elétrica.
O tratamento dos dejetos contribui para a redução de poluentes, oferecendo possibilidades para reciclar os nutrientes da alimentação animal e colabora com a preservação e melhorias nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, mantendo um sistema produtivo e sustentável.
A DBO (Tabela 1.) mostra a quantidade de oxigênio para estabilizar a matéria orgânica biodegradável por meio de microrganismos. Quanto maior, mais poluente e difícil seu tratamento.
Os biodigestores são as tecnologias de manejo de resíduos sob condições anaeróbias mais utilizadas e isso está ligado à facilidade de construção, operação e aos custos.
Todos os sistemas de tratamento apresentam vantagens e desvantagens e a escolha do sistema mais adequado vai depender do objetivo do produtor e de seus recursos financeiros.
Bibliografia consultada
ABC- Agricultura de baixo teor de carbono.
CAMPOS, A. L. C. Manejo dos Dejetos, 2017.
RESENDE, J. A.; DINIZ, C. G.; SILVA, V. L.; CARNEIRO, J.C.; RIBEIRO, M. R.; LIMA, J. C. F.; OTENIO, M. H. Dejetos bovinos para produção de biogás e biofertilizante por biodigestão anaeróbica. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2015. 5 p. (Circular Técnica, 110).
Receba nossos relatórios diários e gratuitos