Foto: Envato
Introdução
Buscando melhorar o aproveitamento de recursos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, a agroindústria tem adotado tecnologias em processos de intensificação sustentável.
A bovinocultura de leite é um importante setor dentro da indústria de alimentos, e as doenças que acometem o rebanho leiteiro são responsáveis por uma série de impactos econômicos e ambientais.
Os produtores de leite têm buscado cada vez mais eficiência na adoção de sistemas sustentáveis, com destaque à ambiência e biossegurança.
Entre as doenças mais recorrentes no gado de leite está a mastite. Tradicionalmente seu controle baseia-se em menor exposição ao patógeno e antibioticoterapia.
Conhecendo o patógeno da doença, em muitos casos não há necessidade de tratamento com antibióticos. Fato observado em situações que a mastite se desenvolve sem o crescimento bacteriano (44%) ou ainda em alguns casos resultantes da proliferação de agentes gram-negativos, que pode haver a cura espontânea da doença (Granja et al., 2021).
Já nos casos de bactérias gram-positivas, os animais geralmente não conseguem conter a infecção, uma vez que os agentes patógenos são mais resistentes. Ainda assim, para estabelecimento de um controle e profilaxia eficiente é importante possuir conhecimento maior sobre o patógeno.
Tratamentos estabelecidos sem o conhecimento etiológico da doença resultam em inúmeras consequências que impactam o produtor e o ambiente.
Nesse aspecto, estudos recentes associados ao diagnóstico precoce de mastite estão proporcionando maior autonomia aos produtores, além de contribuir para execução de uma terapêutica mais assertiva.
Há no mercado uma ferramenta disponível com uso crescente, denominada cultura na fazenda, uma adaptação de exame em laboratório para uso dentro da propriedade. A solução proposta por uma startup brasileira permite a rápida identificação de microrganismos através de placas de cultura com meios cromogênicos.
A metodologia usada permite através de um minilaboratório com estufa microbiológica acoplada para realização de análises, gerar um diagnóstico de mastite preciso dentro da própria fazenda.
Para realização do teste, é necessária a aquisição de placas de meio de cultura (cromogênico), que leva à identificação do agente pela cor da colônia, em um intervalo de até 24h. A acurácia de diagnóstico do teste pode chegar a mais de 90% para os principais patógenos da mastite (Granja et al., 2021).
A iniciativa vem atraindo parcerias com diversas empresas relacionadas à cadeia do leite. Além disso, os estudos ligados à metodologia receberam reconhecimento internacional, sendo publicado na revista científica Journal of Dairy Science, além de premiações em eventos de caráter sustentável.
Embora a implementação da tecnologia brasileira apresente relativo aumento de custos, suas vantagens devem ser consideradas, principalmente se levarmos em conta bonificações por qualidade do leite e menor risco de contaminação de vacas em produção.
O diagnóstico rápido e preciso dá ao produtor maior agilidade para a tomada de decisões e maior assertividade quanto ao tratamento necessário, também reduzindo os impactos econômicos.
Com redução do descarte de leite e uso racional de antibióticos, os produtores com essas qualificações obtêm uma melhor gestão de contagem de células somáticas (CCS) na fazenda e um produto de alta qualidade para atender ao mercado.
Bibliografia consultada
Bauman, D.E.; Capper, J.L. Sustainability and Dairy Production: Challenges and Opportunities. 2011.
Granja, B.M. et al. Evaluation of chromogenic culture media for rapid identification of microorganisms isolated from cows with clinical and subclinical mastitis. Journal Of Dairy Science, [S.L.], v. 104, n. 8, p. 9115-9129, ago. 2021. American Dairy Science Association.
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Ruegg, Pamela L. Making Antibiotic Treatment Decisions for Clinical Mastitis. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, [S.L.], v. 34, n. 3, p. 413-425, nov. 2018.
Tomazi, T., et al. Association of herd-level risk factors and incidence rate of clinical mastitis in 20 Brazilian dairy herds. Preventive Veterinary Medicine, v. 161, p. 9-18, 2018.
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