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Etanol de segunda geração


Sexta-feira, 21 de julho de 2023 - 06h00


O etanol de segunda geração (E2G), também conhecido como etanol celulósico, é um biocombustível produzido a partir de materiais lignocelulósicos, que podem ser facilmente convertidos em açúcares, tais como restos de culturas agrícolas, madeira e resíduos industriais.

Quimicamente, o etanol de primeira geração (E1G) e o E2G são similares. A diferença está na maneira que cada um é produzido. A produção de E2G é mais complexa do que a do E1G, que é obtido a partir de matérias-primas como milho e cana-de-açúcar.

Diferente do etanol de primeira geração, que é produzido a partir da sacarose presente no caldo de cana, na cana-de-açúcar, a produção de E2G utiliza a celulose e a hemicelulose presentes no bagaço e na palha como matéria-prima.

Além do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, existem outras matérias-primas que podem ser utilizadas na produção de etanol de segunda geração. Entre elas, destacam-se os resíduos agrícolas, como o bagaço de milho, a palha de arroz e o capim-elefante; os resíduos florestais, como a casca de pinus e a serragem; e os resíduos urbanos, como o lixo orgânico.

Essas matérias-primas alternativas apresentam vantagens em relação ao bagaço de cana, como a disponibilidade em regiões onde a cana-de-açúcar não é cultivada e a utilização de resíduos que antes eram descartados. No entanto, a produção de etanol a partir dessas matérias-primas ainda é um desafio técnico e econômico e requer investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

O E2G tem uma pegada de carbono 30% menor que o E1G e 80% menor que combustíveis de origem fóssil, ou seja, emite menor teor de carbono (CO2) na atmosfera. Produtos com menor pegada de carbono são bonificados pelo mercado.

Processo de produção

O processo de produção de E2G começa a partir da coleta e do processamento das matérias-primas lignocelulósicas, que são pré-tratadas para fracionar a celulose e a hemicelulose e disponibilizar a biomassa. Em seguida, esses componentes são submetidos a processos de hidrólise enzimática ou ácida para quebrar a celulose e a hemicelulose em glicose e xilose.

O caldo resultante é fermentado com leveduras específicas e transformado no vinho fermentado que passa pela destilação e tem como produto o etanol.

O resíduo gerado após o processo de fermentação é a vinhaça, que pode ser usada para fertirrigação e como matéria-prima na produção de energia através do biogás.

E2G na cadeia de cana-de-açúcar

A indústria da cana-de-açúcar tem se destacado como uma das principais produtoras de E2G, podendo ser uma forma de diversificar a produção e agregar valor aos resíduos gerados na produção de açúcar e etanol de primeira geração, devido à abundância de biomassa disponível.

Uma das principais vantagens da produção de etanol de segunda geração, a partir da cana-de-açúcar, é a redução da área necessária para o cultivo. Além disso, a produção de etanol celulósico permite a utilização de variedades de cana-de-açúcar com menor teor de sacarose, o que amplia a área de cultivo disponível para a produção de biocombustíveis.

Dessa forma, a produção de etanol de segunda geração pode contribuir para a preservação de áreas naturais e para a redução da pressão sobre o uso do solo, tornando a produção de biocombustíveis mais sustentável e compatível com a conservação ambiental.

Desafios e perspectivas

A disponibilidade e qualidade das matérias-primas podem ser limitantes, uma vez que a produção de etanol celulósico depende da disponibilidade de resíduos agrícolas, florestais e urbanos em quantidade e qualidade suficientes.

Outro desafio é a viabilidade técnica da produção em larga escala, sendo necessários investimentos em tecnologia e equipamentos especializados para tornar o processo mais eficiente e competitivo.

Apesar desses desafios, há perspectivas positivas para o desenvolvimento do E2G, como a crescente demanda por combustíveis renováveis e a preocupação global com as mudanças climáticas, o que torna a produção de biocombustíveis uma alternativa cada vez mais atraente. 


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