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Scot Consultoria

O avanço da piscicultura e seus desafios ambientais


Quarta-feira, 16 de abril de 2025 - 17h30

Foto: Bela Magrela


Apesar de ser uma prática realizada há décadas, foi a partir dos anos 1930 que a piscicultura brasileira começou a se desenvolver com firmeza, possível com os investimentos em pesquisas voltadas ao aumento da produtividade, ao manejo sanitário, e por causa do aumento da demanda nacional e internacional. 

Em 2024, a produção brasileira de peixes de cultivo cresceu 9,2% em comparação com 2023, totalizando 968,7 mil toneladas. A tilápia se destacou com um aumento de produção de 14,4%, alcançando 662,2 mil toneladas, correspondendo a 65% da produção total (Peixe BR). 

Por outro lado, os peixes nativos - como o tambaqui -, registraram uma redução da produção de 1,8% no período, com queda de 4,7 mil toneladas, que refletiu em um aumento no preço pago ao produtor, devido a menor oferta.

Desde 2015, o crescimento do setor é notável, com a produção passando de 638 mil para 968,7 mil toneladas - um aumento de 51,8% em 10 anos. Esse avanço representa não apenas o fortalecimento do setor no Brasil, mas também a sua importância econômica e social, gerando aproximadamente 3 milhões de empregos de maneira direta e indireta.

Figura 1.
Volume de peixes de cultivo, em mil toneladas (t), produzidas entre 2015 e 2024.

Fonte: Peixes BR. Elaboração: Scot Consultoria. 

Porém, o crescimento da piscicultura também traz impactos ao meio ambiente. Um dos principais problemas é a eutrofização das águas, causada pelo acúmulo de matéria orgânica e nutrientes resultantes da alimentação dos peixes. Esse acúmulo reduz os níveis de oxigênio na água e prejudica a fauna e flora aquáticas.

Outros impactos incluem a degradação da qualidade da água devido ao manejo ineficiente, excesso de resíduos e uso intensivo dos recursos hídricos. A prática em áreas de preservação permanente também pode resultar na degradação de ecossistemas, acidificação do solo, contaminação e desequilíbrios nos processos naturais.

A introdução de espécies exóticas ou geneticamente modificadas também representa um risco à biodiversidade, pois podem competir com espécies nativas, disseminar doenças e modificar o equilíbrio ecológico. Além disso, as condições de estresse causadas por superlotação e manejo inadequado afetam a imunidade dos peixes, aumentando a incidência de doenças.

Para contornar essas doenças, é comum o uso de antibióticos, o que pode gerar bactérias resistentes, prejudicar organismos aquáticos e, em alguns casos, representar riscos à saúde dos consumidores. Diante disso, é essencial que a piscicultura evolua de forma responsável e sustentável.

Caminhos da sustentabilidade na piscicultura

A sustentabilidade surge como um conceito-chave para equilibrar a produção de peixes com a preservação ambiental, o bem-estar animal e a valorização das comunidades locais. Sustentabilidade, nesse contexto, é garantir produtividade sem comprometer os recursos naturais e a qualidade de vida das próximas gerações.

Uma das medidas fundamentais é o uso racional da água. Por meio de sistemas de recirculação e tratamento, é possível reduzir tanto o consumo quanto a poluição dos corpos hídricos. O monitoramento da qualidade da água, com atenção ao pH, oxigênio dissolvido e temperatura, também ajuda a manter o ambiente saudável para os peixes.

O reaproveitamento de resíduos sólidos e orgânicos, como restos de ração e fezes, pode gerar produtos úteis como silagem ou farinha de peixe, diminuindo o descarte e o impacto ambiental. Além disso, o uso de espécies nativas ou adaptadas às condições locais reduz o risco de desequilíbrio ambiental em caso de escapes acidentais.

A integração entre piscicultura e agricultura também é uma prática sustentável eficaz. A água usada na criação de peixes pode ser reaproveitada na irrigação de lavouras, fechando o ciclo de produção e evitando desperdícios.

Outro aspecto importante é a substituição dos antibióticos por alternativas mais seguras, como os probióticos. Quando aliados ao manejo adequado e à nutrição balanceada, eles ajudam a manter a saúde dos peixes sem os riscos associados ao uso contínuo de medicamentos.

Assim, com um crescimento de 51,8% na produção em 10 anos - e aumento de 718,0% nas exportações para os Estados Unidos -, a piscicultura brasileira demonstra forte potencial de expansão, impulsionada pela demanda internacional e ganhos de produtividade.

Referências

MANJABOSCO, Gustavo. Impacto ambiental causado pela atividade de piscicultura, 2021.
ROCHA, Fabianne. Correlação do impacto ambiental gerado da piscicultura: efeitos na biota, 2022.
ROCHA, Monyque Palagano da. Tese (Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental) – Universidade Federal da Grande Dourados. Disponível em: https://files.ufgd.edu.br/arquivos/arquivos/78/MESTRADO-DOUTORADO-CIENCIA-TECNOLOGIA-AMBIENTAL/Teses%20Defendidas/3%20Tese%20Monyque%20Palagano%20da%20Rocha.pdf.
BACTOLAC. Dicas essenciais para uma piscicultura sustentável: como aumentar a produtividade. Disponível em: https://bactolac.com.br/2024/09/13/dicas-essenciais-para-uma-piscicultura-sustentavel-como-aumentar-a-produtividade.
ENGEPESCA. A sustentabilidade no cultivo de piscicultura. Disponível em: https://www.engepesca.com.br/post/a-sustentabilidade-no-cultivo-de-piscicultura.
PEIXE BR. Associação Brasileira da Piscicultura. Disponível em: https://www.peixebr.com.br/
PEIXE BR. Anuário 2025 da Piscicultura. Associação Brasileira da Piscicultura. 2025.


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