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Scot Consultoria

Alta do açúcar já provoca retração nas compras


Terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 - 09h47

Com a persistente alta do açúcar no mercado internacional, o consumo da commodity começa a perder fôlego, também à espera da chegada da safra brasileira, a partir de abril. Alguns agentes do mercado acreditam que em razão dessa retração nas compras, os preços podem passar por um temporário arrefecimento nos próximos meses. A confirmação desse cenário dependerá, sobretudo de quando começará a safra brasileira. A largada para a temporada 2011/12 no Centro-Sul do país ainda é incerta por alguns fatores, afirma Michael McDougall, da consultoria Newedge. Entre eles está o fato de praticamente não haver cana “bisada” nesta temporada, ou seja, que ficou em pé da safra passada para esta. Assim, as usinas do Centro-Sul passam a depender em grande parte do desenvolvimento da cana que foi cortada no ano passado. “Além disso, o efeito deste fim do La Niña pode significar a chegada de mais chuva nos próximos meses, o que pode postergar o começo da safra”, diz McDougall, que participou, ao lado de representantes da indústria de açúcar da 7ª Conferência de Açúcar em Dubai. De qualquer forma, refinarias começam a reagir aos preços altos e freiam suas importações. A Companhia Nacional de Açúcar da Síria, a maior do país, reduziu fortemente suas aquisições. De acordo com o presidente da companhia, Najib Assab, a retração está ocorrendo como efeito da menor demanda do consumidor final. “Nos últimos dois meses, vimos uma retração de mais de 50%”, diz Assab. Sem citar volumes, o presidente da Al Khallej Sugar, a maior refinaria do mundo com sede nos Emirados Árabes, Jamal Al Ghurair, confirma o movimento. "As refinarias estão, sim, reduzindo a demanda por causa desses altos preços", diz Al Ghurair. A diferença entre as cotações do açúcar branco, na bolsa de Londres, e as do bruto, em Nova York, tornam evidente a menor atratividade do refino. “Se o prêmio pago pelo açúcar branco não é suficiente para justificar a compra do bruto, as refinarias reduzem suas importações”, afirma McDougall. Independentemente de quanto vai durar o movimento de retenção das compras, apesar de maiores, os estoques mundiais ainda não se recuperarão em 2011/12 dos últimos três anos de déficit na produção da commodity. A previsão da consultoria Kingsman, que encerra amanhã sua 7ª Conferência de Açúcar em Dubai, é de um superávit mundial da commodity da ordem de 6 milhões de toneladas, o que traria o mercado mundial mais perto de um equilíbrio, segundo Jonathan Kingsman, presidente da consultoria. A produção total está projetada em 173,2 milhões de toneladas para um consumo de 163,6 milhões de toneladas. A projeção já considera as perdas registradas em vários países produtores de açúcar, como Austrália, Rússia e China, além de uma moagem estável para o Brasil. “Alguns analistas estão prevendo um cenário mais apertado. Mas é o clima que vai definir a condição real da safra”, afirma o presidente da Kingsman. O cenário que parece se desenhar remete ao ocorrido em igual época do ano passado. Os preços estavam altos nos primeiros meses do ano, os países postergaram suas importações e consumiram seus já apertados estoques. Quando as cotações caíram fortemente com a entrada da safra brasileira, o consumo de açúcar voltou abruptamente, provocando grandes filas, superiores a 120 navios, nos portos do Brasil, naquele momento o único fornecedor de açúcar para o mundo. McDougall destaca que esse movimento de queima de estoques já começou entre os grandes importadores, também como forma de pressão para que os preços baixem. A China anunciou a liberação de 1,5 milhão de toneladas de suas reservas e a Rússia sinaliza que tomará o mesmo caminho, provavelmente com o consumo de 300 mil toneladas de seus estoques, diz McDougall. “Estão todos esperando a safra brasileira começar. Mas ela pode atrasar”, pondera o especialista da Newedge. Fonte: Valor Econômico. Por Fabiana Batista. 21 de fevereiro de 2011.
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