Após um ano de “vacas magras” em 2009, ainda sob o impacto da crise financeira global, as cooperativas brasileiras voltaram com força ao mercado externo faminto de produtos básicos. Em 2010, as cooperativas bateram novo recorde ao exportar US$4,4 bilhões. Em 2011, devem crescer 11% no mercado internacional, chegando a US$4,9 bilhões em vendas.
“Mesmo com a paridade cambial desfavorável às exportações, saímos da crise e estamos retomando antigos mercados”, avalia o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.
A evolução de 22% nas vendas externas em 2010 recupera, com folga, o forte recuo de 10,5% registrado em 2009. “Neste ano, não devemos crescer o mesmo de 2010. Mas vamos continuar essa retomada”, diz o gerente de Mercados da OCB, Evandro Ninaut.
Os mercados mais explorados pelas cooperativas foram China e Emirados Árabes. Mas Bélgica, Canadá e Nigéria surpreenderam com a demanda por produtos das sociedades cooperativas. Os principais produtos de exportação, em 2010, foram açúcar e etanol, complexo soja e todas as carnes. Também ajudaram: café, cereais, algodão, frutas, produtos hortícolas, leite e laticínios.
As sociedades do Paraná lideraram as vendas externas ao responder por 37% do total exportado. Cooperativas de São Paulo e Minas Gerais também tiveram papel relevante na significativa expansão no ano passado.
As cooperativas, cuja força está em seus 9 milhões de associados e quase 300 mil empregados, vêem os próximos anos como momentos de “expansão de mercado”, mas com uma elevação da exigência dos consumidores por mais qualidade e produtos feitos dentro de padrões socioambientais ainda mais rigorosos.
A análise prospectiva da instituição permite vislumbrar uma expansão contínua até 2014. Se tudo correr bem, com clima favorável e preços médios próximos de níveis históricos, a projeção é chegar US$5,5 bilhões em 2012; ultrapassar US$6 bilhões em 2013; e romper 2014 com exportações totais de US$6,8 bilhões.
Na avaliação OCB, haverá um forte aumento de demanda nos próximos anos. Até 2050, estima-se que a população mundial passe de 7 bilhões para 9 bilhões. Assim, será necessário elevar em 50% a produção de grãos e dobrar a oferta de carnes. “Esse cenário nos dá oportunidades para ocupar um espaço ainda maior, aqui e lá fora”, afirma Ninaut.
Fonte:
Valor Econômico. Por Mauro Zanatta. 18 de março de 2011.
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