Ministério define regras para registro de bactérias que fixam o nitrogênio no solo. Produto reduzirá os custos com fertilizantes nas lavouras de milho, cana-de-açúcar, arroz e trigo.
Os produtores rurais vão poder reduzir os gastos no plantio de milho, cana-de-açúcar, arroz e trigo, com o emprego de tecnologia à base de inoculante ─ bactérias que fixam nitrogênio no solo. Esse tipo de produto é empregado com sucesso no cultivo da soja desde a década de 70. A Instrução Normativa Nº13, publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta sexta-feira, 25 de março, moderniza o registro desses produtos no Brasil, melhorando as regras existentes para produção, pesquisa e importação.
De acordo com o coordenador do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Hideraldo Coelho, os inoculantes diminuem bastante a quantidade de fertilizantes nitrogenados usada na lavoura. “No cultivo de soja, por exemplo, os agricultores chegam a gastar, em média, R$15 por hectare. Entre os que não aderem à tecnologia, os custos podem chegar a aproximadamente R$700,00 por hectare, calculam os especialistas da área”, diz Hideraldo Coelho.
Diferentemente da adubação mineral, os inoculantes têm como base material biológico. Além de mais baratos, os produtos não causam danos ao meio ambiente. “A fixação biológica de nitrogênio pelas plantas leguminosas pode suprir a adubação mineral dependendo da espécie e sistema de cultivo”, explica o coordenador.
As novas normas para o registro do material produzido, importado e comercializado em território nacional incluem os micro-organismos aprovados para uso e as orientações para embalagens. “O pedido de registro deverá conter a relação das matérias-primas utilizadas na fabricação e as suas funções, bem como a espécie de micro-organismo utilizado e a qual cultura se destina”, informa Coelho.
Saiba mais
Após a fotossíntese, a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) é considerada o mais importante processo biológico fundamental para a vida. A FBN é o processo que captura o nitrogênio presente na atmosfera e o converte em formas que podem ser utilizadas pelas plantas.
Em termos de agricultura, a simbiose entre bactérias fixadoras de nitrogênio (denominadas rizóbios e bradirizóbios) e plantas leguminosas (família à qual pertencem a soja, o feijão e a ervilha) é a mais importante. Após a formação de nódulos nas raízes dessas plantas, a bactéria passa a fixar o nitrogênio atmosférico e a planta o transforma em compostos orgânicos, diminuindo uso de adubos nitrogenados. No Brasil, graças ao processo de FBN, a inoculação substitui totalmente a necessidade do uso de adubos nitrogenados nas lavouras de soja.
A disseminação desta técnica é uma das ações previstas no Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Ministério da Agricultura. O objetivo do programa é promover ações na agropecuária nacional para atingir as metas acordadas na conferência de Copenhague, em 2009. O uso de inoculantes evita a contaminação da água pelo nitrato existente nas fórmulas de adubo nitrogenado e contribui para reduzir a emissão de gases do efeito estufa.
Fonte: MAPA. Por Leilane Alves. 25 de março de 2011.