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Lactalis na berlinda após a compra de fatia da Parmalat


Quinta-feira, 31 de março de 2011 - 09h22

A fabricante francesa de laticínios Lactalis vem buscando defender-se das críticas políticas e populistas depois de adquirir uma participação de 29% no capital do grupo italiano Parmalat. Antonio Sala, presidente do conselho da Lactalis na Itália e vice-gerente-geral do grupo Lactalis, disse que a Itália não pode "mudar as regras no meio do jogo", acrescentando temer o impacto nos investimentos externos decorrentes das medidas do governo italiano para proteger empresas consideradas estratégicas. "Tenho orgulho de ser italiano, mas é constrangedor o efeito que isso terá nos investidores estrangeiros", disse Sala. Sala, que fala em nome da família Besnier, dona da Lactalis, fez os comentários depois que a Parmalat convocou reunião do conselho de administração para 1º de abril para discutir se adia a assembléia de acionistas até o fim de junho. O governo apresentou a possibilidade de adiamento na semana passada, como parte de uma série de reformas voltadas para proteger empresas italianas de aquisições indesejadas. A lei pretende copiar as regras francesas, formuladas em 2005 - quando a Danone virou alvo de interesse da PepsiCo - para definir certos setores, como os de alimentos, militar, telecomunicações e energia, como "estratégicos". O adiamento da assembléia da Parmalat, que estava marcada para 12 de abril, para até o fim de junho daria aos investidores italianos mais tempo para apresentar uma contra-oferta pela Parmalat. O Intesa Sanpaolo, maior banco de varejo italiano, tem dito que apoiaria uma "solução italiana" para a maior empresa de laticínios do país. A fabricante de chocolates Ferrero afirma que consideraria uma aliança com a Parmalat, sob certas condições. Representantes da Lactalis e da Ferrero se reuniram brevemente na semana passada, mas não houve avanço nas discussões, segundo duas fontes a par das conversas. Sala considerava, antes da data da reunião do conselho ser marcada, improvável que Parmalat adiasse a assembléia de acionistas até junho em meio ao receio de alguns de seus diretores com o impacto na imagem Itália para os investidores estrangeiros. A Itália tem um dos menores volumes de investimentos externos diretos na Europa. Estudos independentes frequentemente mostram que o receio de ausência de regras iguais para todos é um dos motivos pelos quais os estrangeiros decidem investir em outros países. Sala, que administra as operações italianas da Lactalis - inclui a fabricante de queijos Galbani, dona da marca Bel Paese - também disse que duvidava do surgimento de investidores italianos com uma contra-oferta, tendo em vista que não conseguiram apresentar nenhuma proposta pela Parmalat nos últimos cinco anos. Qualquer oferta de compra da Parmalat, cujo valor de mercado gira em torno a €4,2 bilhões, teria de ser superior a €5 bilhões, valor considerado alto por analistas e um obstáculo a qualquer acordo. Uma das acusações contra a Lactalis na Itália é que não estaria entrando com o "prêmio" pago normalmente em aquisições, mesmo ganhando o controle do conselho com sua participação de 29%. Sala disse que a alta superior a 10% nas ações da Parmalat, impulsionada pelas expectativas de uma disputa pelo controle da empresa já é um benefício aos minoritários. O executivo negou que a Lactalis pretenda "atacar" o caixa de €1,4 bilhão da Parmalat, obtido a partir dos processos que Enrico Bondi, executivo-chefe do grupo italiano, ganhou contra bancos de investimento como parte da reestruturação da empresa, após a fraude de €14 bilhões que quase quebrou a empresa em 2003. Sala disse que o caixa seria "usado apenas para o desenvolvimento" da Parmalat. A Lactalis pretende manter a sede da Parmalat na Itália e expandir sua distribuição em mais países, dentro da mesma estratégia da empresa francesa para a Galbani. Fonte: Valor Econômico (Financial Times). Por Rachel Sanderson. 30 de março de 2011.
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