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Scot Consultoria

Depois de suíno, mais frango na pauta com a China


Quarta-feira, 13 de abril de 2011 - 09h22

Liberação da exportação de carne de porco pode ser seguida de expansão da lista de frigoríficos habilitados a embarcar a carne de ave, com maior potencial de mercado. Depois da abertura do mercado chinês para a carne suína brasileira, anunciada ontem, a missão da presidente Dilma Rousseff à China pode mais que dobrar o potencial de exportação de carne de frango para o país asiático. Desde a visita do então presidente Luís Inácio Lula da Silva a Pequim, em 2009, 24 indústrias brasileiras estão habilitadas a exportar frango para o país asiático. Mas até o fim desta semana, outras 35 unidades podem ser liberadas pelo governo chinês, segundo o presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. A aprovação dessas 35 unidades, ou da maior parte delas, tornaria possível até dobrar as exportações brasileiras de frango para a China, de acordo com Turra. No ano passado, o Brasil embarcou 130 mil toneladas do produto para o país. "A China importa basicamente garras e asas de frango, por isso precisa autorizar a importação de um grande número de frigoríficos para garantir esses itens", diz. Embora a grande notícia de ontem tenha sido a liberação de três fábricas (Brasil Foods, Aurora e Cotrijuí) para exportar carne suína ao país asiático, o frango brasileiro encontra mais potencial no mercado chinês. Sem contar exportações via Hong Kong, o potencial anual da carne de frango seria de 400 mil toneladas, o dobro da carne de porco. O consumo chinês de carne de frango saltou de 3 quilos para 10 quilos por habitante em apenas cinco anos. Além disso, a China impôs uma taxa anti-dumping de 105% sobre o frango dos Estados Unidos, em retaliação a medidas americanas para conter a importação de pneus chineses. O refinamento dos hábitos alimentares dos chineses também amplia as fatias da carne bovina e de aves na dieta, segundo o diretor do China Desk da KPMG no Brasil, Daniel Lau. Espera-se, portanto, que no longo prazo o crescimento da demanda chinesa por alimentos se converta cada vez mais na importação de carnes, e não apenas de grãos para produzir porcos e frangos internamente. Neste momento, no entanto, o baixo custo da mão de obra e a baixa carga tributária na China tornam mais viável à importação de soja e milho para a produção local das carnes, segundo Lau. "De toda a forma, o crescimento chinês exige maiores importações de todos os alimentos", diz o especialista. Produção local: O caminho encontrado pelo frigorífico brasileiro Marfrig para explorar o mercado chinês agora foi intensificar a produção de frango na própria China, por meio da Keystone, adquirida no ano passado. A companhia anunciou ontem a formação de duas sociedades para verticalizar suas operações no país. Com a estatal Cofco, maior indústria alimentícia da China, o Marfrig criou uma empresa de distribuição dos produtos Keystone que investirá US$252 milhões nos próximos 10 anos. O grupo brasileiro ficará com 45% do negócio, que terá estrutura de transporte e armazenagem. Já com a Chinwhiz foi criada uma empresa de US$57 milhões para produzir e abater até 200 mil frangos por dia. Hoje a Keystone apenas processa carne na China. "A possibilidade de produzir e, no futuro, importar na China nos dá flexibilidade com relação ao câmbio e um conhecimento único do mercado para quando as importações crescerem", afirma o diretor de planejamento do Marfrig, Ricardo Florence. Alta dos grãos é consensual, no entanto, que as importações chinesas de carnes sempre serão complementares, e não substitutas, à produção local. O que não quer dizer que o Brasil tenha menos oportunidades. A China é o maior parceiro comercial do agronegócio brasileiro porque importa grandes volumes de soja para ração. Mas os porcos chineses ainda recebem uma alimentação bem abaixo da média mundial, e estão consumindo cada vez mais grãos. "O consumo de carne cresce 5% a 6% ao ano na China, mas a demanda por soja avançou 15,9% no último ano", diz o sócio diretor da Agroconsult, André Pessoa. Além de ampliar o consumo, a China está elevando seus estoques de commodities para garantir o abastecimento, o que infla os preços mundiais e favorece a balança comercial brasileira. "Os níveis mundiais de estoque de soja nem estão tão baixos, mas os preços sobem porque esses estoques já estão nas mãos dos compradores", diz Pessoa. Quanto mais a China estoca, mais os preços sobem e refletem na própria inflação chinesa. "É o cachorro correndo atrás do próprio rabo", afirma Lau, da KPMG. Fonte: Valor Econômico. Por Luiz Silveira. 12 de abril de 2011.
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