De longe os maiores produtores e consumidores de arroz do mundo, os chineses estão expandindo suas fronteiras no que diz respeito à comercialização de sua tecnologia de produção. Executivos da Anhui Longping High-Tech Seeds desembarcaram no Brasil na última quinta-feira atrás de parceiros locais, estrangeiros ou nacionais, interessados na cooperação tecnológica para a comercialização de sementes de arroz híbrido no país.
Na bagagem, a empresa, uma das maiores do segmento de tecnologia em sementes da China, trouxe dois modelos de negócios que podem ser aplicados no Brasil. No primeiro, mais convencional, ela fornece a genética das sementes de arroz dominadas nas últimas três décadas de existência para o parceiro local, que multiplica as sementes para comercialização, pagando royalties ao grupo chinês. A segunda possibilidade é a criação de uma joint venture, nas quais as condições seriam discutidas futuramente.
No roteiro pelo Brasil, a Anhui Longping sentará à mesa de negociação com pelo menos três das maiores multinacionais de sementes e tecnologia agrícola do mundo já instaladas no país, mas também com empresas nacionais que resistiram ao movimento de fusões das gigantes internacionais. "Nosso plano é trazer a tecnologia para o Brasil e daqui para a América do Sul. Estamos antes de mais nada conhecendo o mercado brasileiro", disse ao Valor Geng Zhimin, diretor geral da Anhui Longping.
Na China, a empresa está instalada na cidade de Hefei, capital da Província de Anhui.
O grupo leva o nome de seu fundador, Yuan Longping, considerado o pai do arroz híbrido do mundo por desenvolver as primeiras variedades do cereal na década de 70 - e que hoje ocupa o cargo de presidente de honra da empresa.
O interesse em oferecer uma nova opção de híbridos de arroz ao Brasil não é por acaso. A produtividade brasileira está longe das registradas por grandes produtores mundiais. Os últimos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) mostram que o rendimento médio no país foi de 4.735 quilos por hectare na safra 2010/11. Mesmo o Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, obteve uma produtividade de 7.600 quilos, a maior de todo Brasil.
"Na China, a produtividade de nossos híbridos varia de 10 mil a 12 mil quilos por hectare. Na Indonésia, onde já temos acordo com empresas locais, a produtividade oscila entre 8 mil e 10 mil", afirma Fan Ling, diretora de negócios internacionais da empresa.
A Anhui Longping iniciou sua expansão para o mercado internacional nos últimos dez anos, depois de abrir seu capital, em 1999. Nas duas primeiras décadas de vida do grupo, que nasceu a partir de uma empresa estatal de pesquisa em sementes, a atuação era restrita ao mercado interno chinês, que deve consumir na safra 2010/11 cerca de 140 milhões de toneladas.
"O governo autorizou o licenciamento de nossa tecnologia para outros países há apenas dez anos. Hoje exportamos cerca de 5 mil toneladas de sementes de arroz, que representam 90% de tudo o que exportamos em outros produtos, como algodão e trigo", afirma Geng.
Com faturamento de 300 milhões de yuans em 2010 (US$46 milhões em valores atuais), o grupo concentra seus negócios fora da China nos vizinhos asiáticos, mas já existem parcerias com empresas americanas e europeias, como a francesa Limagrain, que em fevereiro deste ano acertou a compra de 70% do braço de sementes de milho do grupo paranaense Sementes Guerra.
Fonte:
Valor econômico. Por Alexandre Inácio. 18 de abril de 2011.
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