Em 2010 o Brasil importou mais de 25 bilhes de dlares da China que se tornou o segundo maior fornecedor com participao de 14% de tudo que importamos. J os mais de 30 bilhes de dlares que destinamos quele pas representaram 15% das exportaes Brasileiras, ou seja, a China j o maior comprador de produtos brasileiros.
A dinmica dessas transaes influencia de maneira diferente nossa indstria porque inclui a importao de bens de consumo, mquinas e equipamentos que concorrem com os empreendimentos nacionais, alm de matrias-primas e insumos intermedirios indispensveis manufatura dos itens da nossa pauta exportadora.
Fertilizantes e aditivos melhoradores de desempenho oriundos da China, por exemplo, so estratgicos para a agricultura e pecuria nacional.
A China um gigante consumidor com 20% da populao global que consome 30% de todas as carnes produzidas no mundo. Todavia enfrenta o desafio de produzir alimento para 9 habitantes/hectare de terra arvel, enquanto nos EUA cada hectare necessrio para alimentar 2 habitantes.
A contnua migrao das zonas rurais para reas urbanas motivada pelo contnuo crescimento econmico que demanda mo-de-obra intensiva para aplicao na indstria de eletroeletrnicos, brinquedos e construo civil tem estimulado os chineses a consumir mais gneros de origem animal carnes, leite, ovos em substituio aos cereais e tubrculos. Nos prximos 20 anos a China ser responsvel por quase 10% do crescimento demogrfico e por 23% do incremento na renda global.
Responsvel por mais de 50% do plantel mundial e produo de 50 milhes de toneladas de carne suna que representa 65% do total de carnes consumidas naquele pas, a China encara o desafio de manter oferta crescente por conta da expanso da classe mdia e correspondente elevao do poder de compra.
Em 2010 os chineses demandaram 160 milhes de toneladas de raes e 6 milhes de toneladas de premixes, necessrios para produo de 78,5 milhes de toneladas de carnes, 37,4 milhes de toneladas de derivados lcteos e 27,6 milhes de toneladas de ovos. At 2020 a demanda pode alcanar 63 milhes de toneladas de carne suna, o consumo de frango encostar quase 20 kg/capita e a necessidade de leite mais que dobrar, indicando forte presso nos estoques de milho, principal ingrediente das raes.
Todavia a perspectiva de suprimento duvidosa porque na prxima dcada a China vai enfrentar a escassez do milho devido ao descompasso na disponibilidade domstica e sua vigorosa economia. A preocupao tamanha que levou as autoridades pblicas a limitar o uso do cereal para outras aplicaes, etanol, amido, adoantes, etc. e ordenar bancos suspender emprstimos para aquisio. A suposta compensao alternativa do estoque local com milho externo pode agravar o ambiente inflacionrio, j que a cotao internacional 25% maior e tende a elevar os preos dos produtos internos.
A demanda total de rao na China, hipoteticamente, pode alcanar 200 milhes de toneladas nos prximos 5 anos e exigir cada vez mais insumos, principalmente milho, farelo de soja e aditivos industrializados. A aproximao do vero tambm preocupa os empreendedores locais por causa das recentes regras de controle no uso de energia eltrica.
Esse turbulento cenrio vindouro e o apetite crescente dos chineses por protena de origem animal estabelecem novas oportunidades, determinando hipoteticamente a substituio parcial dos embarques da soja e do milho por carnes e outros derivados de origem animal produzidos no Brasil.
O Governo Brasileiro, por sua vez, deve fazer prevalecer uma poltica comercial legitimada pela Organizao Mundial do Comrcio e exercitar instrumentos de defesa comercial assegurando livre iniciativa e igualdade na competitividade, exigir cumprimento dos contratos de compra e emisso de licenas de importao, acompanhar os resultados de anlise de risco sanitrio para garantia da sade pblica e promover a desburocratizao dos procedimentos aduaneiros para agilidade no despacho (exportao de produtos acabados) e desembarao (importao de aditivos).
O Sindiraes, atento s potencialidades do comrcio entre ambas as naes aproximou representantes da indstria brasileira produtora e exportadora de carnes dos potenciais compradores chineses. Ainda em 2008 a entidade representativa da indstria de alimentao animal Brasileira assinava o memorando de entendimento com a associao dos fornecedores da China para compartilhamento de informaes tecnolgicas, assuntos regulatrios, regras sanitrias e principalmente garantia de fornecimento contnuo e seguro dos insumos indispensveis ao funcionamento da cadeia de produo de protena animal brasileira.
Fonte:
Suinocultura Industrial. Por Ariovaldo Zani. 2 de maio de 2011.
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