Mato Grosso colheu nesta safra mais de 20 milhões de toneladas de soja, um novo recorde. Este extraordinário desempenho, contudo, esbarra na falta de uma adequada logística de transporte para escoar a produção até aos portos exportadores.
A questão virou um pesadelo para os agricultores mato-grossenses, especialmente os localizados em regiões mais distantes do litoral brasileiro. No campo, o produtor planta com excelência, alcança bons índices de produtividade, gera saldo para a balança comercial. Na hora de vender o fruto de seu trabalho, todavia, ele sofre grande amargura, pois não tem como impedir que boa parte de sua renda seja destinada para pagar frete.
Nos últimos anos, dependendo do preço da tonelada de soja, o custo do transporte, em Mato Grosso, representou de 30% a 40% do grão desembarcado na China. “É incrível que o trajeto até o destino final sobrepuje o custo somado do fertilizante, do óleo diesel, dos agroquímicos, da colheita. Não temos como competir com nossos concorrentes”, afirma o especialista em Logística, João Paulo Vilela.
Na avaliação dos especialistas, o futuro da soja mato-grossense depende da sua competitividade no mercado global, para o que precisará, além do empenho do produtor, de novas e mais baratas vias de escoamento da produção. "Precisamos melhorar a nossa logística, que é muito cara e deixa nossos produtos sem competitividade", aponta o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Glauber Silveira
Iniciativas para tirar o estado do caos logístico já estão sendo tomadas com a implementação dos corredores de exportação Centro-Norte, Cuiabá-Santarém, integrando rodovias, ferrovias e hidrovias aos sistemas de transporte da produção agrícola nacional. “Sem uma logística adequada de transporte não podemos falar em superprodução”, lembra Silveira.
Entre as ações necessárias para equacionar este problema ele cita a construção e melhoria de rodovias no Estado, como a conclusão do asfaltamento da BR-163 (Cuiabá-Santarém), e investimentos em hidrovia e ferrovia, principalmente neste último modal, que pode reduzir significativamente os custos do frete até aos portos exportadores.
Para Silveira, é preciso resolver primeiro o problema da logística para dar suporte a esta superprodução. “Se não houver o equacionamento deste problema, dificilmente os números (de crescimento) serão confirmados”. Os custos do frete, segundo ele, fazem o produto ficar mais caro, perdendo competitividade no mercado e gerando perda de renda ao produtor. “Precisamos implantar uma logística forte e alicerçada no projeto intermodal de transporte rodovia-ferrovia-hidrovia. Se fizermos isso vamos crescer além do previsto”. (MM)
Fonte:
Diário de Cuiabá. 2 de maio de 2011.
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