Holding formada pelas empresas terá capacidade de moagem de 6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra.
Duas das maiores usinas de cana-de-açúcar localizadas no extremo oeste do estado de São Paulo, a Usina Interlagos, do Grupo Santa Adélia, em Pereira Barreto, e a Pioneiros Bioenergia, em Sud Mennucci, estão perto de iniciar uma operação conjunta de suas atividades. A fusão, que visa sanar as dívidas acumuladas das duas unidades (a dívida da Pioneiros Bioenergia gira em torno de R$137 milhões e a da Santa Adélia, em torno de R$300 milhões) deve ocorrer nas próximas semanas e os detalhes estão sendo acertados em sigilo pelas duas diretorias.
Celso Torquato Junqueira Franco, diretor presidente da Pioneiros Bioenergia e atual presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), confirmou a negociação,que envolverá a troca de ações entre as duas unidades. Os acionistas da Pioneiros ficarão com 20% das ações no Grupo Santa Adélia, que tem sede em Jaboticabal (SP), e o controle da holding deve ficar nas mãos da família Bellodi (Santa Adélia).
Após a incorporação, a capacidade da "nova empresa" será de seis milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Hoje, a usina de Pereira Barreto processa quatro milhões de toneladas (120 mil toneladas de açúcar e 350 milhões de litros de etanol) e a Pioneiros Bioenergia, 1,5 milhões de toneladas de cana. A unidade lançou, na safra 2006/2007, a primeira usina termelétrica do estado de São Paulo com capacidade para gerar 145 mil MWh/ano. Segundo a Unica, é considerada a usina com maior eficiência por tonelada de cana moída do país. Com a Santa Adélia, passará a ter condições de vender à rede 520 mil mewgawatts/hora por ano.
Segundo Junqueira Franco, a incorporação das atividades das duas uniades permitirá investimentos maiores para alcançar a capacidade de 10 milhões de toneladas de cana nos próximos três anos. As duas usinas são cooperadas da Coopersucar.
Flex à antiga
A Pioneiros Bioenergia foi uma das primeiras destilarias que surgiram no estado de São Paulo para atender o Programa Nacional do Álcool, ProAlcool. Em 1981, chegou a produzir 21 milhões de litros de etanol. Seu proprietário, Cícero Junqueira Franco, foi um dos coautores da elaboração do plano junto com Lamartine Navarro. Na época, Cícero já era acionista majoritário da Usina Vale do Rosário, localizada em Morro Agudo, na região de Ribeirão Preto (SP) (posteriormente incorporada à Santa Elisa e depois, à LDC-Sev), e transformou a fazenda de gado que tinha em Sud Mennucci para instalar a sede da usina.
Cícero foi um dos primeiros empresários brasileiros a apostar na tecnologia flex, mesmo à sua moda e tempo. Empenhado em divulgar o combustível verde, ele mandou um mecânico converter o motor do seu carro, um Fiat 147, para usar o álcool. O empresário conta que, certa vez, decidiu viajar com o carro e o tanque esvaziou. "Os postos de combustíveis tinham bombas de álcool, mas o produto ainda não estava sendo vendido, eram só bombas. Fiquei sem combustível e fui abastacer sabe onde? Na farmácia", lembra o pioneiro. "Eu comprei um monte de garrafinhas de álcool lá na drogaria, em Pereira Barreto. O carro falhou várias vezes até chegar em Sud Mennucci, mas cheguei".
A Usina Interlagos é de propriedade da família Bellodi, que atua no setor sucroalcooleiro na região de Jaboticabal desde a década de 1930. Os negócios começaram com a produção de rapadura, cachaça e açúcar e, a partir dos anos 1975, iniciou a produção de álcool, também incentivada pelo ProAlcool. A unidade em Pereira Barreto entrou em atividade em 2006 e está distante cerca de 40 quilômetros da Pioneiros.
Fonte: Globo Rural Online. Por Viviane Taguchi. 22 de maio de 2011.