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Scot Consultoria

Agricultura corporativa ganha espaço no país


Quarta-feira, 1 de junho de 2011 - 09h23

No de hoje que os mercados de terra e de produo agrcola em geral atravessam um processo de concentrao no pas. Nos ltimos anos, porm, esse movimentou ganhou uma nova roupagem e agentes diferentes. Agricultores tradicionais, incluindo os de grande porte, passaram a conviver com concorrentes nacionais e estrangeiros fincados desde a origem em pilares corporativos e discursos baseados em profissionalizao, governana, sustentabilidade e retorno do capital. Alguns desses players no tm vnculos diretos anteriores com o campo, enquanto outros vm de segmentos prximos. Mas todos esto de olho ou na valorizao imobiliria em si das terras brasileiras, cujos preos esto em nveis recordes, e na agregao de valor a essas terras com a produo de alimentos, tendo em vista a tendncia de crescimento da demanda internacional. No h nmeros oficiais sobre a rea agricultvel total que j est nas mos desses grupos de empresas, algumas j de grande porte e outras em processo de expanso. Mas, baseados nos projetos mais conhecidos, consenso entre especialistas que o movimento ainda crescer muito mais, a depender das discusses em torno do novo Cdigo Florestal e dos limites s aquisies de terras por estrangeiros. Marcos Fava Neves, ex-coordenador do PENSA/USP e criador do centro de pesquisas e projetos Markestrat, por exemplo, estima que a rea desses grupos dever ao menos dobrar de tamanho at 2020. Levantamento do Valor mostra que cerca de 1,3 milho de hectares j foram ocupados por grupos com essas caractersticas com gros, fibras e at culturas perenes. Entre eles esto a SLC Agrcola, maior companhia agrcola do Brasil, que pode ser includa na lista no por ser um "novo" player, j que tm dcadas de plantio nas costas, mas pelo que agregou a seu negcio com a criao da Land Co, uma companhia especializada na compra e na venda de terras. Na mesma linha est a Radar, criada pela gigante sucroalcooleira Cosan. O montante de terras sob o tutela dessas corporaes poder avanar para 1,5 milho de hectares se forem consideradas as reas do Grupo Vanguarda, do empresrio rural Otaviano Pivetta, que podero ser incorporadas pela Brasil Ecodiesel. A prpria Ecodiesel foi "reinventada" e ganhou fora no mercado de terras e produo aps passar ao controle do grupo do investidor espanhol Enrique Bauelos. Recentemente o conselho da Brasil Ecodiesel rejeitou proposta de incorporao do Vanguarda, mas o assunto segue vivo. Em 2010, a Ecodiesel tornou-se protagonista na "agricultura corporativa" ao assumir o controle dos ativos do Grupo Maeda, de quem incorporou 94 mil hectares cultivados. A companhia pode elevar essa rea para 320 mil hectares se concretizar o negcio com o Grupo Vanguarda. Uma das maiores indstrias txteis do pas, a Coteminas surpreendeu ao anunciar no ms passado sua aliana com grupos de expertise em produo e comercializao de gros. A empresa quer desbravar oportunidades no mercado de terras no Brasil e criou a Cantagalo, na qual detm 50% de participao. A companhia tem meta ambiciosa de sair do zero para cultivar 150 mil hectares em terras prprias, entre gros e fibras, em dois a trs anos. Muitas dessas empresas j detinham grandes reas de terras antes do boom imobilirio no campo. Por isso, diz Fava Neves, participaram de um dos melhores momentos da valorizao imobiliria rural do pas. "Em 1987, um hectare custava 4 sacas de soja no oeste baiano. Em 1998, essa relao subiu para 15 sacas e neste ano est em 400 sacas". Mas, apesar de toda a alta, o movimento vai continuar. "Em uma escala de zero a dez, o movimento de valorizao est no nvel 6", afirma. Obviamente, diz Neves, uma regio madura e disputada como Ribeiro Preto (SP), por exemplo, est perto do nvel 9 nessa escala. "Por isso, essas empresas esto atuando em novas fronteiras como Piau, Maranho, Tocantins, alm de rea de Mato Grosso e Bahia que ainda no perderam seu potencial imobilirio". Assim, esse modelo corporativo tem na terra um pilar estratgico relevante. Nesse ponto talvez esteja a principal diferena entre essa "agricultura corporativa" em formao e as empresas agrcolas criada e conduzidas por grandes produtores rurais. o caso do Bom Futuro, do maior produtor de soja e algodo do pas, Era Maggi, que tem na produo agrcola - mais do que na posse da terra - o foco de seu negcio. "Para a produo de alimentos, o modelo de arrendamento mais rentvel. O de aquisio de terras s tem sentido econmico nessas reas onde h margens significativas para valorizao imobiliria", diz Maggi. Independentemente das diferenas dos dois modelos, ambos tendem a deixar o campo mais profissionalizado - o que significa, em tese, mais governana e respeito s prticas ambientais e trabalhistas. A Insolo uma das que reforam seu compromisso nessas frentes. A empresa, que partiu para esse modelo depois que seu controle foi adquirido pela famlia Iochpe, chegou a encarar problemas fundirios no Piau, bero de seu avano, no fim do ano passado, mas j tem deciso favorvel sua expanso na Justia federal. Segundo Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, a profissionalizao do setor faz parte de uma onda iniciada no incio da dcada de 90. A economia brasileira era fechada e protecionista e, entre 1990 e 1996 isso mudou radicalmente. A abertura econmica gerou a primeira onda de excluso. "Estima-se que cerca de 200 mil produtores perderam tudo", lembra Rodrigues. Fonte: Valor Online. Por Fabiana Batista e Alexandre Incio. 31 de maio de 2011.
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