O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite (CNPL) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, fez um alerta sobre a falta de metodologia para medir os níveis de resíduos e contaminantes do leite no Brasil.
“Tem muito leite sendo desperdiçado porque não é aferida corretamente a quantidade de resíduos e contaminantes na hora em que o produto é captado pela indústria”, afirmou. O assunto foi discutido em reunião do Conselho Consultivo da Rede Brasileira de Controle de Laboratórios de Qualidade do Leite (RBQL), nessa terça-feira (19/7), no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília.
Segundo Rodrigo Alvim, o codex alimentarius, organismo de referência para os critérios de segurança alimentar e comércio mundial, prevê uma tolerância para os níveis de presença de resíduos e contaminantes no leite. Ou seja, a presença dessas substâncias até certo limite não compromete a saúde dos consumidores. O problema, explica Alvim, é que a análise feita pelas indústrias apenas verifica a presença ou não de resíduos e contaminantes, sem especificar a quantidade. Dessa forma, muitos litros são desperdiçados porque as indústrias temem por multas ou pela apreensão de seus produtos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que monitora a presença dessas substâncias nos alimentos.
De acordo com Rodrigo Alvim, que também preside a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite do Mapa, uma reunião deve ocorrer em até 20 dias com o objetivo de preparar uma proposta que vai sugerir ao Mapa a melhor forma de condução do processo que definirá padrões, métodos e técnicas para aferir a quantidade de resíduos e contaminantes no leite.
Novos parâmetros - O início da vigência da última etapa da Instrução Normativa (IN) nº 51 do Mapa, que estabelece os parâmetros de qualidade do leite, também foi assunto da reunião do Conselho Consultivo da RBQL. Recentemente, por meio da IN 32, o ministério prorrogou por seis meses a entrada em vigor dos valores de Contagem de Células Somáticas (CCS) e de Unidades Formadoras de Colônia (UFC), que passariam a valer a partir de 1º de julho deste ano. A IN 32 também criou um Grupo de Trabalho que terá a missão de apresentar, até dezembro deste ano, ao ministro da pasta, Wagner Rossi, um plano com as ações que devem ser feitas e o prazo para que os produtores de leite tenham condições de se adequar aos padrões de qualidade previstos na IN 51.
Pela IN 51, em 2008, os limites de CCS e UFC permitidos em cada mililitro de leite eram de 750 mil. Em 1º de julho deste ano, esses índices deveriam baixar para 400 mil, no caso de CCS, e para 100 mil de UFC. No entanto, com a prorrogação, os novos valores de CCS e UFC só valerão a partir de dezembro de 2011. Mesmo assim, Rodrigo Alvim, afirma que o prazo para que os produtores se adaptem à norma é curto. “Os Estados Unidos levaram 30 anos para baixar de um milhão para 750 mil a CCS por mililitro de leite e no Brasil isso não pode ser feito em apenas três anos porque vai colocar milhares de produtores de leite na ilegalidade”, explicou Rodrigo Alvim.
Fonte: Canal do Produtor. Pela Redação. 20 de julho de 2011.