Os sistemas de certificao exigidos recentemente pela Unio Europia (UE) dentro da Diretiva de Energias Renovveis (RED, em ingls) afetam diretamente os produtos brasileiros, tornando-os menos competitivos em nvel mundial. Para a Associao dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (APROSOJA/MT), a situao representa uma ameaa s exportaes brasileiras da oleaginosa para a Europa, pois grande parte do leo da soja esmagada naquele continente destinada produo de biodiesel. Isto pode resultar em preos mais baixos para produtos brasileiros.
O presidente da APROSOJA/MT, Glauber Silveira, informa que os critrios exigidos pela Unio Europia sero estudados pela entidade, e, caso haja alguma discrepncia de acordo com a Legislao Ambiental Brasileira, ser feito um alerta junto Organizao Mundial de Comrcio (OMC). A soja no pode ser prejudicada, afirma Silveira. Atualmente, a APROSOJA e a Associao Brasileira das Indstrias de leos Vegetais (ABIOVE) esto conduzindo um estudo de Ciclo de Vida do Biodiesel para analisar as emisses do biocombustvel produzido com soja brasileira.
As novas exigncias europias podem se tornar barreira tcnica ao comrcio exterior, de acordo com o
Agreement on Technical Barriers to Trade (TBTA). No entanto, a APROSOJA v carter poltico nas regras impostas pelos pases da Europa para o uso dos biocombustveis. Por conta disso, ir dialogar com o governo federal e entidades ligadas s indstrias de leos vegetais para mobilizar e unir foras contra as exigncias.
Silveira observa que necessrio que as regras sejam claras e atendam todo o resto do mundo. Os nveis de exigncias devero possuir pelo menos um grau de isonomia com ndices aceitveis, e no nvel zero como est sendo exigido atualmente, considera.
No caso do Brasil, a grande prejudicada a soja. Clculos do RED mostram que o biodiesel de soja reduz somente 31% os gases do efeito estufa (GEE) em relao aos combustveis fsseis. No entanto, as certificaes sero atribudas apenas a biocombustveis que emitem no mnimo 35% menos gases estufa do que combustveis fsseis, da produo utilizao. Essa proporo vai aumentar para 50% em 2017 e para 60% em 2018.
Os Estados Unidos, que produzem etanol de milho, j esto buscando um acordo bilateral com a Unio Europia, a fim de que a certificao individual de seus produtores se torne desnecessria. Com isso, a soja brasileira estaria desvalorizada. A Argentina, grande fornecedora de biodiesel e leo de soja Europa tambm est buscando acordos e desenvolvendo seus prprios esquemas de certificao.
Os biocombustveis so parte importante do plano do bloco de reduzir em 20% as emisses de carbono at 2020, pois o aumento do consumo de energia renovvel deve ocorrer principalmente nos transportes. Em 2007, somente 6,5% da energia produzida na Europa vinha de fontes alternativas, e a inteno dos pases europeus de que 10% dos combustveis de veculos sejam biocombustveis em 2020.
Segundo dados de 2010 da consultoria alem Oil World, a produo mundial de biodiesel de 18 milhes de toneladas mtricas. O leo de soja a principal matria-prima, respondendo por 42% do total. Atualmente, a Europa o maior produtor e consumidor mundial de biodiesel, com um consumo de mais de 10 milhes de m, dos quais aproximadamente 20% so importados.
Para atender ao RED, o consumo anual de biocombustveis da Europa ter de alcanar 34 milhes de toneladas mtricas de etanol at 2020. Para isso, os pases europeus tero de importar mais matrias-primas ou biodiesel. A Unio Europia o segundo mercado da soja brasileira, tendo comprado 6 milhes de toneladas de soja em 2010.
Fonte:
Dirio de Cuiab. Pela Redao. 3 de agosto de 2011.
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