Depois de perder posição no ranking de rebanho bovino, caindo de 23 milhões para 19 milhões de cabeças, Mato Grosso do Sul poderá perder mais posições no mercado da carne com a degradação das pastagens. A falta de manejo correto e a exploração intensiva são alguns fatores que podem levar o Estado a perder até metade de sua capacidade de produção pecuária. O diagnóstico é da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Em todo Mato Grosso do Sul, dos 18 milhões de hectares de pastagens, pelo menos 9 milhões estão degradados, segundo o pesquisador da Embrapa Armindo Neivo Keichel, que abordou a questão nessa manhã no Sindicato Rural de Campo Grande.
Armindo Keichel calcula que nos próximos 10 anos a perda em razão do processo de degradação das pastagens deve chegar a 40%. Outros 7% ocorrerão por conta da substituição das áreas por outras culturas. Por outro lado, o pecuarista herdou práticas incorretas de manejo do solo, sem investir se atentar para o fato que a exploração intensiva, sem rotatividade ou adubação. Sem pasto suficiente, a tendência é de diminuição do rebanho.
O pesquisador Armindo Neivo Keichel alerta que a perda de rebanho reflete diretamente na diminuição da produção de carne no estado, o que pode gerar prejuízos em toda cadeia produtiva, com reflexos em outros setores da economia.
Ainda segundo o pesquisador da Embrapa, as áreas degradadas representam cerca de R$12 bilhões de perdas no setor da produção rural no estado. As áreas de terras degradadas correspondem ao potencial de produção de 5 milhões de m³ de madeira, 6 toneladas de grãos e 985 toneladas de carne.
Para recuperar essas áreas, a Embrapa estima que sejam necessários investimentos de pelo menos R$8,1 bilhões. Segundo Armindo, as pastagens degradadas do estado geram 6% de queda na produção anual, em uma média feita ao longo de 10 anos.
No entanto, de acordo com o pesquisador, os programas de recuperação que estão em pratica só recuperam 1% ao ano. Para reverter essa proporção, o pesquisador acredita que sejam necessários investimentos na área de linhas financiamento, como também capacitação de técnicos.
A recuperação do solo é feita por sistemas integrados, utilizando a agricultura, por exemplo, com plantio de cana-de-açúcar.
O pesquisador explica que o solo é considerado degradado quando está 50% abaixo do seu potencial produtivo. “Tem solos que não suportam mais de 1 animal, mas o problema são aqueles que poderiam suportar 3 e estão apenas com 1, devido a degradação”, explica.
A diminuição do potencial de produtividade do solo acontece devido a escolha errada da espécie para o plantio, mau manejo da terra e outras intervenções.
Durante seminário no Sindicato Rural de Campo Grande, a Embrapa expôs o problema da degradação do solo e apresentou alternativas para recuperação. De acordo com o presidente do Sindicato, Ruy Franchini Filho, a iniciativa surgiu após a preocupação de vários produtores com perda do solo e a dificuldade para recuperar as áreas.
“Queremos trazer informações para o produtor com o objetivo de facilitar a recuperação das pastagens e também na escolha de linhas de financiamento.
Precisamos de linhas de créditos baixos para conseguir manter a produção”, disse.
De acordo com o pesquisador da Embrapa, 40 técnicos receberão capacitação a partir de outubro para atuar na recuperação das áreas. Os agentes devem multiplicar a formação para outros 800 técnicos. Os investimentos são de R$200 mil do Governo Federal.
O Governo do estado também tem projeto para capacitação de mão de obra, além de recuperação de estradas e compra de equipamentos. O investimento é de cerca de R$10 milhões.
Fonte:
Campo Grande News. Por Paula Vitorino. 5 de agosto de 2011.
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